LIVRO DA VIDA



No alto do morro desfolho o livro da Vida.
São páginas e páginas de uma escrita miudinha repleta de emoções.
Num gesto irrefletido, abro-o na última página, à semelhança do que tantas vezes faço com muitos dos livros que leio, procurando saber se tem um final feliz. Mas, obviamente, esta encontra-se em branco, tal como muitas outras antes dela.
Concluo assim que não há um destino marcado, mas antes uma imensa série de acontecimentos, pessoas e situações que nos conduzem a uma infinidade de escolhas, as quais irão determinar o que irá ser escrito nas páginas em branco.
A última página deveria relatar os derradeiros momentos da minha vida, mas, será que ela termina, de facto, com a  morte?
Do alto do morro, reparo como a paisagem se estende muito para lá do que a minha vista alcança. 
Ao longe, na linha do horizonte, o céu une-se à terra, mas, na verdade, isso não passa de uma ilusão, tão irreal quanto a linha imaginária.
A vida revela-se-me como uma imenso e surpreendente mistério, onde todos os sonhos são possíveis, todas as aventuras reais, todas as hipóteses plausíveis.
Pois,  na verdade, tudo o que cada um de nós sabe da vida não passa da visão limitada que dela temos, do alto do nosso pequeno morro. 
Para lá da imaginária linha do horizonte, há toda uma desconhecida e ilimitada paisagem que a nossa visão não alcança.
Olho com prazer e emoção o volumoso livro da vida e percebo que nele reside a razão para que nos deixemos transportar para lá dos limites, imbuídos de curiosidade, paixão, sede de conhecimento e crescimento, na busca perpétua da descoberta do mistério da vida.

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