DIFERENTES

Todos os seres humanos têm características comuns, mas são todos diferentes entre si. Contudo, existem alguns que são mais diferentes.
O ser humano tem, geralmente, alguma dificuldade em aceitar e lidar com o diferente, com tudo aquilo que saí dos padrões da "normalidade".
Antigamente, a maioria dos deficientes mentais era mantida à margem da sociedade. Hoje, isso já não acontece, mas ainda subsistem preconceitos, medos ou dificuldades na aceitação das pessoas com deficiência mental.
Para a maioria dos pais é sempre um enorme choque quando confrontados com a deficiência dos filhos. Caem por terra todas as expetativas, todas as projeções, que os pais, habitualmente, têm em relação aos filhos. Para além de que passa a existir uma preocupação permanente, mais, ou menos, latente, com o que irá acontecer-lhes no futuro. Muitos casais não resistem ao primeiro embate e as famílias desmoronam-se.
Para mim, a deficiência mental sempre foi uma coisa natural, pois convivi com ela desde o dia em que nasci. A minha tia Titi era deficiente mental e já vivia em casa dos meus pais, muitos anos antes de a minha irmã e eu termos nascido. Ela era a pessoa mais doce e terna que alguma vez conheci. Era uma menina /senhora de cabelos grisalhos que nos olhava, através dos seus olhos infantis, com ternura e um permanente sorriso. Contudo, ela sabia que era a mais velha e tinha um elevado sentido de proteção em relação a nós duas.
A Titi faleceu quando eu era pequena, mas continuei a conviver com a deficiência mental, bem de perto, através do irmão de uma amiga muito querida e  de um primo chegado.
Talvez por isso, quando fiz os meus cursos de terapias orientais, fui, durante algum tempo, voluntária, como terapeuta, na Cedema  - Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos. Determinadas circunstâncias da minha vida impediram-me de continuar esse voluntariado, mas, um dia, voltarei a fazê-lo.
Em geral, a sociedade tem ainda mais dificuldade em aceitar os deficientes mentais quando adultos, do que enquanto são crianças. 
Os graus de deficiência mental variam entre o ligeiro e o profundo, passando por uma série de gradações. 
No entanto, a grande maioria destas pessoas tem capacidades de aprendizagem, artísticas e até de realizar diversos trabalhos úteis à sociedade. 
São tão diferentes entre si, quanto qualquer um de nós difere de outra pessoa qualquer, e têm características de personalidade vincadas. De entre todos, talvez os autistas sejam os mais desconcertantes, pois não é fácil comunicar com eles.
Diferentes, livres e felizes
As massagens, a música, o contacto com os animais, com terra e as plantas; as atividades como a natação, o desporto, ou os trabalhos manuais e artísticos e até o teatro, contribuem para o bem-estar, desenvolvimento e felicidade de todos os deficientes mentais, adultos ou crianças.
Mas, conviver durante alguns meses com todas aquelas crianças grandes, apenas veio confirmar a minha convição de que aquilo que qualquer ser humano necessita, independentemente das suas características particulares ou deficiências, é de amor, cuidado e atenção.

Ser diferente é, apenas, ser diferente.




Saber mais:  
Síndrome de Asperger - http://www.apsa.org.pt/sa.php
 "Educação Diferente" - http://edif.blogs.sapo.pt/568.html 
http://tiagolas.no.sapo.pt/Carta.htm

Filmes
   
Abreijos,




    Comentários