Arte by Joseph Adolphe |
Salgadas,
Num imenso caudal,
Queimando meu rosto.
Sem dor ou sofrimento,
Invade-me um cansaço imenso.
Uma impotência sem nome.
Uma revolta amordaçada.
Devo sorrir,
Grata.
Grata pela vida,
Pelo pão,
Pelo abrigo,
Pelo lar.
Mas, o coração grita
Na sua revolta surda,
A incompreensão da rotina sem paixão,
Das paragens na mesma estação,
Das portas fechadas,
Donde não se avistam janelas.
Grossas, ácidas,
Desfocam a visão.
Lágrimas gordas,
Sem mistério,
Sem nascente, nem foz.
Envergonhadas,
Escondem-se sob a carapaça
Dum sorriso hermético,
Que imita a vida.
Secos, os olhos,
Perscrutam a lonjura,
Em busca do verde
Que dá cor à esperança.
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