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Bela-Sombra (nome científico Phytolacca dioica L) - Largo do Limoeiro |
Num destes domingos fui passear por uma cidade cheia de história e mistérios, de um país invulgar e exótico.
Espantosa essa árvore, dona de um tronco imenso, no qual me encontro sentada e que dá início ao meu artigo.
Pois é, mas esta majestosa árvore não se encontra numa cidade remota, de um país longínquo. Ela está mesmo aqui, na nossa cidade das sete colinas, bem pertinho da Sé, no Largo do Limoeiro.
Quantas maravilhas nos passam despercebidas nos locais em que vivemos?
Quando, armados em turistas, viajamos para o estrangeiro, visitamos todas as igrejas, monumentos ou ruínas; Calcorreamos quilómetros, de olhos arregalados, maravilhados com tudo o que vemos; De máquinas fotográficas, tablets, smartphones, iphones ou simples telemóveis em riste tiramos centenas de fotografias, com as quais, muitos de nós, iremos, mais tarde, martirizar os amigos.
No entanto, passamos indiferentes, sem nos determos para um segundo olhar, ao lado das maravilhas repletas de história, arte e mistérios que tornam Lisboa uma cidade espantosa.
Quem me lê, sabe que não gosto de viver na capital. Sou uma alentejana de alma e coração, desenraizada há mais de 30 anos, que ainda não se conseguiu habituar à vida na grande cidade. À confusão, ao stress, às horas de ponta e às gentes apressadas e de rostos fechados.
Contudo, reconheço-lhe a beleza, a monumentalidade, a história e a arte que lhe transpira por todos os poros, tanto como o pouco cuidado que tem existido em mantê-las.
Este passeio turístico de domingo, embora já estivesse no programa há algum tempo, foi determinado pela abertura ao público, por três dias, das Galerias Romanas, da Rua da Prata. Mas, afinal, não conseguimos visitá-las.
Chegámos à Rua da Conceição, onde se encontra a entrada para as Galerias, ainda não era uma da tarde. Na transversal, Rua dos Sapateiros, uma extensa fila de pessoas aguardava imóvel e pacientemente. Uma faixa vermelha sobre o placard da visita anunciava que esta se encontrava terminada. O que queria dizer que as últimas 20 pessoas, que se encontravam na fila, iriam aguardar, a pé firme, até às cinco e meia tarde, hora a que iria ter lugar o início da última visita.
Incrédulos e desiludidos, não nos restava outra alternativa que não fosse cumprir a segunda parte do programa turístico que havíamos combinado.
Ali, na Rua da Conceição, há uma paragem do emblemático elétrico 28. Este percorre grande parte do centro histórico da cidade, do Martim Moniz a Campo de Ourique, passa pela Baixa Pombalina e junto aos Bairros históricos da cidade, Chiado, Bairro Alto, Alfama, Castelo, Mouraria, e, também, pela Assembleia da República ou pela Estrela, como tão bem foi documentado por Nysse Arruda em “A Beleza de Lisboa-Eléctrico 28 – Uma viagem na História”.
O primeiro 28 a parar vinha cheio, pelo que decidimos aguardar pelo próximo. Este carismático elétrico também é tristemente conhecido por outra bem menos agradável característica. Talvez por ser muito frequentado por turistas estrangeiros, tornou-se num dos mais apetecíveis locais de "trabalho" para os carteiristas.
Ainda que viesse, também, quase com a lotação esgotada, decidimos entrar no 28 seguinte. Tivemos sorte, pois, pouco depois, conseguimos acomodar-nos, de pé, junto às vidraças da retaguarda, o que nos permitia ter uma visão completa de todo o percurso.
Da Rua da Conceição subimos em direção ao Chiado, passando
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Chiado |
mesmo ao lado do centenário café A Brasileira, onde Fernando Pessoa se encontra imortalizado.
À época, a Brasileira era um ponto de encontro dos intelectuais, artistas e homens das letras, onde o Poeta podia ser visto com regularidade.
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Entrada de A Brasileira |
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Estátua de Fernando Pessoa - de Lagoa Henriques - Sentado na esplanada de A Brasileira - |
Em seguida, passando entre as duas igrejas barrocas, Igreja do Loreto ou dos Italianos e Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, desembocámos no Largo do Camões.
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Igreja do Loreto |
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Igreja de Nossa Senhora da Encarnação |
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Largo do Camões |
Seguimos pela Rua do Loreto, passando junto ao Bairro Alto, em direção ao Calhariz - Bica, descendo em seguida pela Calçada do Combro.
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Rua da Rosa - Bairro Alto |
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Calhariz - Bica |
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Calçada do Combro |
O 28 continuou o seu percurso, no seu "passo" algo bamboleante, ao som de ocasionais campainhadas, tão características dos elétricos, pela Rua do Poço dos Negros, Rua de São Bento, bem conhecida pelos seus antiquários, e a Calçada da Estrela.
Já no Largo da Estrela pudemos admirar a Basílica e o Jardim Guerra Junqueiro, ou da Estrela, como é mais conhecido.
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Rua do Poço dos Negros |
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Rua de São Bento |
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Calçada da Estrela |
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Basílica da Estrela |
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Jardim Guerra Junqueiro - Estrela |
Continuámos pela Rua Domingos Sequeira, Rua Saraiva de Carvalho, onde se ergue a Igreja do Santo Contestável.
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Igreja do Santo Contestável |
Chegados à última paragem do 28, em Campo de Ourique, apeámo-nos e, enquanto aguardávamos pelo elétrico que nos levaria em sentido contrário, detivemos o olhar nos ciprestes que se elevam do grande Cemitério, caricatamente denominado dos Prazeres. A origem de tão estranho nome ficou a dever-se ao local em que foi erigido, a antiga Quinta dos Prazeres.
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Cemitério dos Prazeres |
Subimos, então, para outro 28. Desta vez, arranjámos lugar sentados, junto a uma grande janela que se encontrava aberta, pois o tempo estava ameno.
Fizemos o mesmo percurso até à Rua da Conceição, continuando depois em direção à Graça. Aí apeámo-nos, fazendo agora a pé o caminho de regresso à Baixa, pois tínhamos deixado o carro na Rua Nova do Almada.
Esta é uma zona cheia de cantos, recantos e encantos. No coração de Lisboa junto ao Bairro do Castelo, Alfama e Mouraria.
Do Largo das Portas do Sol e do Miradouro de Santa Luzia avistamos uma Lisboa cheia de luz, cor, história. Os azuis cintilantes do Tejo iluminam a paisagem e o casario.
Diversas esplanadas e restaurantes procuram cativar os turistas, mas, mau grado a grande beleza panorâmica e histórica, à semelhança das outras zonas antigas de Lisboa, esta revela evidentes traços de degradação e abandono.
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Panorâmica junto à esplanada |
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Panorâmica - o Rio Tejo beijando a cidade |
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Miradouro de Santa Luzia - a degradação |
Descendo pela Rua do Limoeiro, bem perto da antiga cadeia, encontrámos a nossa árvore, Bela Sombra, a qual, obviamente, não poderia deixar de ser imortalizada por um registo fotográfico.
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Bela Sombra |
Retomando o passeio, continuámos a descer em direção à Baixa, mas muito havia ainda para ver ao longo do percurso.
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Rua do Limoeiro |
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Largo de São Martinho - Rua da Saudade - Rua Augusto Rosa |
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Rua Augusto Rosa |
A Sé de Lisboa estava agora bem próxima. Era tempo de nova paragem para visitá-la.
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Sé Catedral de Lisboa - Largo da Sé |
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Os vitrais |
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Altar-mor e os órgãos |
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Órgão |
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Cristo e os Apóstolos |
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A Pietá da Sé de Lisboa |
Fiquei "presa" nesta escultura de rara beleza, inspirada certamente na Pietá de Michelangelo, mas de que desconheço a autoria.
Terminada a visita, continuámos o nosso caminho, não sem antes nos virarmos para trás, para um último olhar.
Já na Baixa, no Largo da Madalena, um edifício que merece um segundo olhar.
Por fim, para terminar o passeio turístico, fomes petiscar numa das muitas esplanadas que existem nas ruas sem trânsito da Baixa de Lisboa.
Outras maravilhas por descobrir
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