PRIMAVERA ESQUECIDA

La Primavera de Gabriel Balazs


Choram-me os olhos,
Num bocejo infinito,
Cansado do cinzento dos dias
E do frio que teimosamente me entorpece.
Nasce o grito,
Da alma sedenta de verde e cor.
Parto na viagem do sonho.
Busco a venda que me abstrai
Das névoas do pensamento.
De olhos bem fechados,
Nasce um grito mudo, no mais profundo de mim
Que chama o nome das envergonhadas flores.
Estremecem as árvores,
Erguendo, numa prece, seus braços para o céu.
Bandos de aves partem em todas as direções,
Numa formação desgovernada.
É minha alma que grita
Em harmonia silenciosa com a Natureza.
Os homens vivem a fúria do desejo de ter,
Esquecendo a essência do ser,
O cheiro da terra molhada,
O brilho do astro que ascende,
A maciez das tardes quentes,
O fresco húmido do orvalho,
A liberdade do pensamento.
Grito, no meu silêncio.
Aturdida pelo embrutecido ruído do mundo.

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