Momentos Improváveis

Ternos os rostos dos estranhos que me habitam,

Na imponderável leveza do meu ser.
Entre risos e lágrimas,
Pequenos seres,
Talvez Duendes,
Jogam às escondidas
Na densa floresta 
Dos meus pensamentos,
Sentimentos,
Emoções.
Surdos às minhas ordens e reclamações,
Devassam, sem pudor,
O que de mais íntimo, obscuro ou confuso
Há em mim.
No emaranhado desta estranha vegetação,
Tocam minhas cordas vibráteis,
Troçando das minhas mais profundas emoções.
Irreverentes, quais crianças pouco educadas,
Divertem-se entrelaçando raízes, arbustos e folhas,
Que jamais se deveriam ter cruzado.
Rebolam-se, de puro gozo,
No solo pejado de recordações,
Escolhas, mais ou menos acertadas,
Tristezas, medos, rejeições e incertezas,
Há muito guardadas no mais profundo de mim.
Ao longe, avisto as Fadas,
Belas, etéreas, de longos cabelos  doirados
E vestes esvoaçantes,
Dançando a música celestial.
Chamo-as, de mansinho,
Temendo assustá-las,
Afastando-as para sempre,
Como prosaica ilusão.
Anseio por sua proteção,
Pelas dádivas concedidas
Pelas suas mágicas varinhas de condão.
Olham-me com indiferença,
E, negando-me a salvação,
Seguem bailando, felizes, 
Sem dó, sem piedade.
Deixando-me perdida,
Confusa, vencida,
No caos do meu mundo
Sem Magia.


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