De Constantinopla a Istambul

Mapa de Constantinopla na época do Império Bizantino. Foto tirada na Aya Sofia, em Istambul, Turquia.
Fonte - Fora Dentro - Mapas
"O verdadeiro heroísmo é notavelmente sóbrio, nada dramático. Não é o desejo de superar a todos a qualquer custo, mas o desejo de servir os outros a qualquer custo." - Arthur Ashe


Saibam os senhores das armas, dos atentados, dos potentados ou dos poderosos grupos político-económicos que o Mundo já existia muito, muito antes deles e continuará a existir, muito, muito depois deles.
Se o que almejam é a glória terrena, saibam que esta é efémera, transitória, repleta de armadilhas, frustrações e desilusões..
Se, por um acaso, o vosso desejo profundo, o vosso sonho de grandeza, é deixar o nome na história, saibam que muitos, antes de vós, já o quiseram. 
Mas apenas são recordados com admiração, carinho ou orgulho aqueles que serviram mais o Mundo do que dele se serviram. Todos os outros deixaram para a posteridade uma memória de tristeza, repúdio, ódio, nojo ou vergonha, pois, por mais que se julguem valentes, heróis ou inteligentes  toda a sua vida não terá sido mais do que tristemente ridícula, pois que vivida em função das suas frustrações, limitações, complexos ou desejos descontrolados de reconhecimento ou poder, sem que, no entanto, alguma vez tivessem sido capazes de algo tão simples e único, que permite alcançar a felicidade, que é a capacidade de gostar de si próprios.
Mas se o que de mais profundo vos move é alcançar o reconhecimento Divino, saibam que, a existirem, o(s) Deuse(s) não são homens, nem feitos à imagem dos homens, pelo que não são cruéis, nem mesquinhos, nem ambiciosos, nem preconceituosos, nem frustrados, nem tendenciosos, nem intolerantes, nem vingativos, nem invejosos, nem ambicionam o poder, nem descriminam ou olham de forma desigual os seres humanos, sejam eles homens, mulheres, crianças, velhos, brancos, pretos, amarelos ou às riscas, ricos ou pobres, bonitos ou feios, letrados ou analfabetos, nem pela forma como se vestem ou por aquilo que comem, nem mesmo pelo credo ou religião que professam, pois que a sua condição Divina, por definição, conceito e manifestação, nada tem a ver com essas características mesquinhas e pequeninas do ser humano. 
Todos os preconceitos e dogmas foram criados pelos homens, não pelo(s) Deus(es). Assim, saibam que receberão o reconhecimento Divino apenas de acordo com o Amor (em todas as suas aceções) que vós próprios sejais capaz de sentir, pois se não o sentires, como podereis reconhecê-lo?

Homenagem às Vítimas - mais de 40 mortos, mais de 200 feridos - 28 de Junho 2016 -  
Em nome e memória da infinita lista de vítimas da maldade humana, em todo o Mundo, lamento, hoje, Istambul.
Mas homenageemos e " viajemos", agora,  por Istambul... essa "viagem" demonstrará que não há força humana capaz de destruir aquilo que transcende os homens e toda a sua maldade.
Os homens poderão morrer, o poder poderá ser transferido ou arrebatado por outros, os edifícios poderão ser destruídos, os campos poderão ser devastados, as obras de arte poderão ser roubadas ou corrompidas, mas, o espírito que lhes está subjacente, ah, esse, é imortal. 
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Vista panorâmica de Istambul a partir da confluência do Bósforo e do Mar de Mármara; em primeiro plano: cabo do Serralho, onde se destacam, da direita para a esquerda, a Mesquita do Sultão Ahmed, Santa Sofia e o Palácio de Topkapı
Por Ben Morlok - Istanbul panorama, CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=25514985
Constantinopla foi a capital de vários impérios na antiguidade. O imperador romano Constantino I, no decorrer das expedições com seu exército, tomou conta de uma região estrategicamente posicionada entre o Corno de Ouro e o Mar de Mármara, localizada no ponto de encontro entre Europa e Ásia. 
Para estabelecer a presença do Império Romano e o controle de uma importante localização para o mundo antigo, foi fundada a cidade de Constantinopla, cujo nome faz referência a este imperador romano.
Esta cidade, por se encontrar localizada entre as principais rotas comerciais, ligando a Ásia à Europa (o principal porto que ligava o Mar Mediterrâneo ao Negro ficava naquela região), acabou por tornar-se o local ideal para as crises militares. 
No dia 11 de maio de 330, o imperador Constantino I tornou a cidade de Constantinopla a capital do Império Romano, mas, em 395, é tomada e passa a ser capital do Império Bizantino. 
Em 1204, as forças da Quarta Cruzada capturaram a cidade e teve início a fase do Império Latino. Contudo, em 1261 foi tomada por Miguel VIII Paleólogo, representante de Niceia. Novamente, a cidade de Constantinopla era a capital do Império Bizantino. 
Nesta fase, a cidade gozou de relativa tranquilidade e houve um grande crescimento da mesma. Era a capital da cristandade e a maior e mais rica cidade da Europa. Durante quase dois séculos serviu de capital aos bizantinos. 
Gravura de 1455 representando o Cerco de Constantinopla pelos otomanos
Por Bertrandon de la Broquière in Voyages d'Outremer - www.bnf.fr, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=564233
Todavia, foi em 1453 que veio a grande derrota. No dia 29 de maio, o Império Otomano tomou a cidade como capital e esta situação não mais se alterou. 
A divisão entre a Igreja Católica e a Ortodoxa fez com que a cidade de Constantinopla se distanciasse dos povos ocidentais. O que contribuiu para facilitar que os turcos se apoderassem, definitivamente, desta, os quais transformaram rapidamente Constantinopla, até então um bastião do cristianismo, num símbolo da cultura islâmica. 
O comércio existente entre a Ásia e a Europa  entrou em declínio e na Europa ganha cada vez mais força a nova era, com novos objetivos, noutras localizações. A Era dos Descobrimentos, onde Portugal foi o principal protagonista.
No longo período que se inicia em 1453 e vai até 1922, Constantinopla foi a capital do Império Otomano. 
Em 1923, foi criada a República da Turquia, que mudou a capital de Constantinopla para Ancara, porém ainda mantendo o controle sobre a primeira.
Ao longo de toda sua história, Constantinopla recebeu várias denominações. A primeira delas e a mais notória faz referência ao seu fundador, Constantino I. Todavia, também já foi chamada de Bizâncio, Nova Roma, Tsargrad, Miklagard e Istambul. Essa última denominação é usada pelos turcos desde o século X. 
Foi a capital do Império Otomano até 1923, cujo governante máximo, o sultão, foi durante séculos reconhecido como califa, o chefe supremo de todos os muçulmanos, o que fazia da cidade uma das mais importantes de todo o Islão. 
Palácio Topkapi
Imagem de Didi Wagner
O Palácio de Topkapı, construído no local da acrópole da Bizâncio grega, foi a residência dos sultões otomanos e centro do poder imperial durante quatro séculos
No início do século XX, apesar dos esforços de modernização, não foi possível evitar o declínio do regime imperial e deu-se a Revolução dos Jovens Turcos, herdeiros políticos dos "Jovens Otomanos" de meados do século anterior. 
Os "Jovens Turcos" depuseram o sultão Abd-ul-Hamid II em 1909 e participaram em várias guerras que fustigaram a decadente capital imperial. A última destas guerras foi a Primeira Guerra Mundial, que se saldou numa derrota e subsequente ocupação de Istambul por tropas britânicas, francesas e italianas. 
O último sultão otomano, Mehmed VI foi deposto e exilado em novembro de 1922 e a família imperial foi expulsa a 3 de março de 1924. Em 1923, terminou a ocupação de Istambul com a assinatura do Tratado de Lausana, no qual também era reconhecida a República da Turquia, a qual foi oficialmente declarada em 29 de outubro de 1923.
Os revolucionários nacionalistas liderados por Atatürk tinham estabelecido a sede do seu governo em Ancara, que foi declarada a capital da nova república. Nos primeiros anos do regime republicano, Istambul foi algo descurada a favor da nova capital, mas a partir de 1940 até ao início dos anos 50, a cidade sofreu grandes mudanças estruturais, nomeadamente urbanísticas. Foram construídas novas praças (como a Praça Taksim, o centro da cidade moderna), avenidas e edifícios, por vezes derrubando construções históricas.
Em 1955 ocorreu o Pogrom de Istambul, uma série de motins dirigidos principalmente à então ainda numerosa comunidade grega da cidade, mas que também afetou outras minorias, como os arménios, judeus e inclusivamente muitos muçulmanos, e acelerou a fuga para a Grécia da população etnicamente grega de Istambul.
O crescimento da população de Istambul começou a acelerar rapidamente nos anos 70, com o afluxo de pessoas da Anatólia para trabalharem nas muitas novas fábricas que foram construídas nos subúrbios da metrópole em expansão. Este súbito aumento populacional provocou uma grande procura de habitação e muitas das aldeias e florestas que rodeavam a cidade foram absorvidas pela grande área metropolitana de Istambul.
Panorama do Bósforo e da embocadura do Corno de Ouro (à direita) a partir da Torre de Gálata; em primeiro plano: parte do distrito de Beyoğlu; à direita: cabo do Serralho; ao fundo: Üsküdar; à direita, ao longe: ilhas dos Príncipes
Por Tolga Tüfekçi - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34203027
Istambul (a antiga Bizâncio e Constantinopla, nome ainda usado em várias línguas, como no grego Κωνσταντινούπολις, Konstantinúpolis), é a maior cidade da Turquia, a quarta maior do mundo, rivalizando com Londres como a mais populosa da Europa, com 13 120 596 habitantes na sua área metropolitana (2010). 
A grande maioria da população é muçulmana, mas também há um grande número de laicos e uma ínfima minoria de cristãos e judeus.
É a capital da área metropolitana (büyükşehir) e da província de Istambul, a qual faz parte da região de Mármara. No passado, foi a capital administrativa da Província de Istambul, na chamada Rumélia ou Trácia Oriental. 
Atualmente, embora a capital do país seja Ancara, Istambul continua a ser o principal pólo industrial, comercial, cultural e universitário, aí estão sediadas mais de uma dezena de universidades, do país. É, igualmente, a sede do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, sede da Igreja Ortodoxa.
A cidade ocupa ambas as margens do estreito do Bósforo e do norte do mar de Mármara, os quais separam a Ásia da Europa no sentido norte-sul, uma situação que faz de Istambul a única cidade que ocupa dois continentes. A parte central da parte europeia é por sua vez dividida pelo estuário do Corno de Ouro. É usual dizer-se que a cidade tem dois ou três centros, conforme se considere ou não que na parte asiática também existe um centro. 
No lado europeu há duas zonas com mais destaque, em termos de movimento de pessoas e património cultural: o mais antigo, onde se situava o núcleo da antiga Bizâncio e Constantinopla, correspondente ao atual distrito de Fatih, fica a sul do Corno de Ouro, enquanto que Beyoğlu, a antiga Pera e onde se situava o bairro europeu medieval de Gálata, fica a norte. O centro da parte asiática tem contornos menos precisos, e ocupa parte dos distritos de Üsküdar e Kadıköy.
Algumas zonas históricas da parte europeia de Istambul foram declaradas Património Mundial pela UNESCO em 1985. Em 2010, a cidade foi a Capital Europeia da Cultura. Devido à sua dimensão e importância, Istambul é considerada uma megacidade e uma cidade global.

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De Constantinopla a Istambul, ou a história resumida de uma cidade através do séculos, demonstra quão efémero é o poder dos homens, que vivem e morrem, enquanto a cidade/espiríto lhes sobrevive a todos e irá continuar a sobreviver.

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