MENSAGEM SEM TÍTULO

Que dizer, quando o silêncio nos pesa,
Gritando dentro de nós?
Que fazer, quando a impotência nos imobiliza,
Transformando-se em lenta e dolorosa tortura?
Que escrever, quando as palavras nos doem
E assombram a alma?
Derrotados, mas não vencidos
Caminhamos pelas tortuosas veredas do mundo.
Não podemos parar porque a vida é impiedosa
E se transfigura em morte.
Lutamos contra moinhos de vento,
Quais Quixotes de tristes figuras.
Julgando-nos guerreiros valorosos,
Quando, afinal, não passamos de frágeis folhas
Que redopiam ao vento,
Ao sabor dos imponderáveis e incontroláveis.
Respiro, cansada...
As lágrimas que teimam em não cair,
Ficam presas entre os cílios que me protegem os olhos.
Quero ver mais longe e sentir a esperança
Que me envolve, como o sol de um entardecer de verão.
Mas, a iminência da dor, da perda, da queda no abismo, absorve todo o calor do astro-rei.
Quedo-me gelada, confusa, insegura....
Não estou preparada para perder, para abrir mão daqueles que amo.
Todas as coisas deveriam permanecer, por uns tempos, no seu lugar, depois que eu terminasse de arrumar a minha casa, ou a minha vida.
Sinto-me defraudada. Querem-me roubar os meus "brinquedos"antigos.
Será esse uma espécie de castigo por ter lutado incansavelmente e ter saído vitoriosa, segura e serena, do outro lado das crises e perdas?
Não podemos vencer em todas frentes? Não podemos gozar de um grande momento de acalmia?
Apocalítica é a vida, 
Que sempre que nos renova o ar e nos aquece com o brilho do sol, 
Se apressa a esmurrar-nos o estômago, com violência e inesperadamente, 
Para que percamos o fôlego e recomecemos, tudo de novo, mais ricos em sabedoria, mas muito mais pobres de tudo o mais que nos aconchegava a alma.

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