Desde sempre, conheço a expressão "Tudo o que é bom ou faz mal ou é pecado". Esta costuma ser dita com alguma ironia e refere-se principalmente aos prazeres da comida e da "carne", mas, metaforicamente, pode referir-se a muitas outras coisas, como se, no fundo, tudo aquilo que nos dá felicidade, prazer e satisfação seja sempre, de alguma forma, pecado ou nos esteja interdito por qualquer lei, tabu ou convenção.
Vem isto a propósito de uma publicação fantástica que encontrei hoje no Facebook e que passo a transcrever:
Procura-se
AMANTE
Muitas
pessoas têm um amante, e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm,
e as que tinham e perderam. Geralmente são estas últimas que vêem ao meu
consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos
de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores.
Elas contam-me que as
suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas
para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre. Enfim, são várias as
maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a
esperança. Antes de me contarem tudo isto, já tinham estado noutros
consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"DEPRESSÃO"... além da inevitável receita do anti-depressivo do
momento. Assim, depois de as ouvir atentamente, eu digo-lhes que elas não
precisam de nenhum anti-depressivo. Digo-lhes que o que elas precisam é de um
Amante!
É impressionante ver a
expressão dos olhos delas ao receberem o meu conselho. Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa destas?!".
Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte: Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte: Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o
nosso amante no nosso parceiro, outras vezes, em alguém que não é nosso
parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também
podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na
política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos
espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso
passatempo preferido...
Enfim, Amante é
"alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e
nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é "ir
vivendo"?
"Ir vivendo"
é ter medo de viver. É vigiar a forma como os outros vivem, é o deixarmo-nos
dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, tomar remédios
multicoloridos, afastarmo-nos do que é gratificante, observar decepcionados
cada ruga nova que o espelho nos mostra, é aborrecermo-nos com o calor ou com o
frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar
a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e
frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.
Por favor, não se
contentem com "IR VIVENDO". Procurem um amante, sejam também um
amante e um protagonista da vossa vida...
Acreditem que o trágico
não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de
ninguém. O trágico é desistir de viver, por isso, e sem mais delongas, procurem
um amante.
A psicologia, após
estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, é preciso NAMORAR A VIDA".
"Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, é preciso NAMORAR A VIDA".
Texto: Dr. Jorge Bucay
Livro: "Hay que
buscarse un Amante"
É isso mesmo. Atreva-se a ter um, ou muitos, Amantes. Atreva-se a ser um(a) Amante. Atreva-se a Namorar a vida.
Amante não é dependência, nem vício, nem, muito menos, pecado. Não é, seguramente, uma fuga, um devaneio, irresponsabilidade ou inconsciência, por que o Amor/Paixão é sempre o que de melhor existe em nós e entre nós.
Ter um, ou muitos, Amantes e ser um(a) Amante é o que nos permite viver em estado de paixão, ser corajosos, fortes, determinados, focados, alcançar o sucesso, amar e ser amados, respeitar e ser respeitados. Em suma, é o que nos permitir ser felizes.
Se tivermos um, ou muitos, Amantes viveremos sem problemas e estaremos sempre como que em estado de graça?
Lógico que não. Mas seremos sempre felizes, se olharmos a felicidade como sendo o estar em paz connosco próprios e gostarmos de quem somos, do que fazemos e daqueles que nos rodeiam. E, teremos sempre muito mais capacidade para enfrentar todas as crises, problemas e dores que a vida nos apresente.
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