Janelas são como olhos e, como bem sabemos, é através deles que a alma espreita, a nossa e a das casas.
Sim, as casas têm alma. A alma de todos os que nela viveram e vivem. A alma dos afetos, dos amores, dos desamores, das tristezas, das dores, das alegrias, dos projetos e sonhos, das conquistas ou das glórias.
Sem gente a alma da casa definha, entristece, quase morre, mas permanece, expectante, aguardando o regresso de quem irá pintar as suas paredes de branco, ou de todas as cores, de quem a irá encher com risos, ou choros, de quem se irá aninhar confortavelmente, abrigado, nos seus braços, sob a sua proteção.
Casas são seres vivos e não construções de tijolos ou betão.
Guardam nas suas almas as histórias das gentes e vivem para lá delas, guardando as suas memórias que, indeléveis, ficam gravadas em todas as divisões.
Estas são janelas da Casa das Memórias. São as mais intimas e recatadas. As que olham para dentro de mim e me vêem dormir ou banhar.
São as minhas janelas.... São pedaços de mim. São segredos da minha alma.
É através delas que espreito o mundo lá fora e o meu Jardim
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