A DIREITA, A ESQUERDA E OS MITOS

Execução de Maria Antonieta


Os termos "esquerda" e "direita", para definir posições ideológico-partidárias, surgiram durante a Revolução Francesa, de 1789, e o subsequente Império de Napoleão Bonaparte e resultaram da forma como os membros da Assembleia Nacional se encontravam na mesma relativamente ao presidente, os partidários do rei à direita e os simpatizantes da revolução à sua esquerda.

Este é, portanto, o primeiro grande mito relativo ao que significa ou simboliza direita e esquerda. Não tem nada que ver com defesa dos ricos ou do povo ou da classe trabalhadora. Tem que ver com o lugar físico em que se encontravam na Assembleia Nacional os simpatizantes de dois regimes políticos distintos, a Monarquia e a República. 

A Revolução Francesa retirou o poder económico e político das mãos da nobreza e transferi-o para a burguesia.

Napoleão criou um império, com base no sonho de transformar França num novo "império romano".

Clero, nobreza e povo eram as classes existentes na Idade Média. Com o advento da Idade Moderna nasceu uma nova classe, a burguesia. 

Enquanto a Revolução Industrial e Karl Marx "geraram" o proletariado.

Atualmente, ainda que continue a existir clero e nobreza, estas já não representam classes sociais, antes definem características de determinados grupos de pessoas, as quais integram, como todos os outros grupos ou pessoas, o povo de um país, o qual se divide, por comodidade de definição, na maior parte das sociedades ocidentais, em Classe Alta (classe A), Classe Média Alta (classe B), Classe Média (classe C1), Classe Média Baixa (Classe C2) e Classe Baixa (classe D).. 

São normalmente representadas por uma pirâmide, onde a Classe Alta se encontra no topo, e a Baixa na base. Esta estratificação prende-se, particularmente, com um maior ou menor poder económico, ainda que existam outros elementos que a podem integrar, como o grau académico e/ou cultural, os cargos profissionais e ou políticos que exercem, etc.


OUTROS MITOS

A esquerda defende os pobres, os fracos, os oprimidos e os trabalhadores, a direita defende os ricos.

Não é bem  assim, grosso modo, a esquerda aposta num grande peso do Estado controlador e no nivelar por baixo, a direita aposta na liberdade e iniciativa individual e, portanto, na mobilidade social de acordo com as competências e capacidades de cada um.

A esquerda criou os mecanismos que protegem as pessoas, ou seja, o Estado Social.

Não é bem verdade.

O Estado de bem-estar social moderno nasceu na década de 1880, na Alemanha, com Otto von Bismarck, como alternativa ao liberalismo económico e ao socialismo, e consolidou-se após a II Guerra Mundial

O Estado de bem-estar social, ou Estado-providência, ou Estado social, é um tipo de organização política, económica e sociocultural que coloca o Estado como agente da promoção social e organizador da economia. 

Nesse sentido.  o Estado é o agente regulamentador de toda a vida e saúde social, política e económica do país, em parceria com empresas privadas e sindicatos, em níveis diferentes de acordo com o país em questão. Cabe, ao Estado social, garantir serviços públicos e proteção à população, provendo dignidade aos naturais da nação.

Pelos princípios do Estado de bem-estar social, todo indivíduo tem direito, desde seu nascimento até à sua morte, a um conjunto de bens e serviços, que deveriam ter seu fornecimento garantido seja diretamente através do Estado ou indiretamente mediante o seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil. São as chamadas prestações positivas ou direitos de segunda geração, em que se inclui gratuidade e universalidade do acesso à educação, à assistência médica, ao auxílio ao desempregado, à reforma, bem como à proteção maternal, à infantil e à velhice.

Só a esquerda defende a liberdade

É totalmente falso, a democracia e a liberdade são defendidas tanto por partidos designados de direita, como  designados de esquerda

Só a direita tem as mãos sujas de sangue 

É totalmente falso. Tanto a esquerda, como a direita têm sangue nas mãos, sempre que as suas posturas e líderes são radicais ou fanáticos ou, convenientemente, "loucos", como são os casos de Mussolini, Franco,  Pinochet ou Hitler,  à direita, ou de Estaline, Lenine, Mao Tsé-Tung ou Fidel Castro, à esquerda.

Se for pobre só posso votar à esquerda, se for rico só posso votar à direita

A opção terá sempre que ver com o tipo de sociedade em que pretendemos viver e não com o dinheiro que temos, desde que não estejamos a falar de partidos extremistas/radicais, tanto os partidos identificados como de esquerda, como de direita, defendem a democracia, a liberdade e o bem-estar de todos os cidadãos.

Familiares meus foram feitos prisioneiros políticos, portanto só posso votar à esquerda

As ditaduras de direita não detém, de forma alguma, o monopólio dos presos políticos, das torturas bárbaras ou dos assassinatos, nas de esquerda fez e/ou faz-se exatamente a mesma coisa. É exatamente por isso que se chamam ditaduras. Assim, de novo, a opção terá sempre que ver com o tipo de sociedade em que pretendemos viver e não com acontecimentos funestos vividos por familiares e amigos, em contextos, circunstâncias e regimes políticos completamente diferentes.

Somente a direita é xenófoba, elitista ou ditatorial

Perante tal absurdo, só me ocorre contrapor com "e os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço". A um absurdo só é possível responder com outro absurdo. De esquerda ou de direita, somos todos seres humanos, e os seres humanos, esses, podem ser de diferentes qualidades, terríveis, maus, médios, bons, excelentes, e essas qualidades nada têm que ver com ideologia política, têm que ver, sim, com quão bem ou mal formado é cada individuo. 




Pessoalmente, prezo muito a democracia, a liberdade e a igualdade de direitos e deveres. Prezo a justiça, o Estado como pessoa de bem, a iniciativa individual e privada, o ser-se recompensado de acordo com a capacidade, conhecimentos, empenho, dedicação, salvaguardando sempre aqueles que, por qualquer motivo, são menos capacitados, mas nunca os preguiçosos e oportunistas. 

Não suporto estados ou líderes paternalistas, que nos tratam como mentecaptos, incapazes.

Infelizmente, muitos parecem nem saber o que é melhor para eles e não lhes podem ser ditas as verdades amargas, porque preferem mentiras "piedosas". São exatamente esses que permitem a existência de estados paternalistas, cheios de oportunistas, enquanto todos os outros e eles próprios acabam por sustentar esses estados de oportunistas e parasitas.

Na verdade, como diria o outro, é no centro que está a virtude, ou, dito de outro modo, nunca vi uma balança, seja a da justiça ou a que pesa as batatas, que pesasse com exatidão se o fiel estiver inclinado para um dos lados. 

equilíbrio = bom-senso e a ética = honestidade + dignidade + integridade + conhecimento + coerência + isenção + humanidade são os garantes de uma sociedade justa e cada um de nós é pessoalmente responsável por quão justa ou injusta é a sociedade em que vivemos.

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