DEUS É ENERGIA

 

Big Bang

Escrevi este texto em setembro de 2014.
Na altura, tinha três blogs ativos, coisa que se tornou impossível manter pois ocupavam demasiado tempo.
A primeira parte deste texto foi escrita no último blog que criei "Projeções de um Perfil Fugidio", numa perspetiva um pouco diferente, uma vez que analisava a energia em relação à saúde mental, particularmente em relação ao autismo. Já no outro, "Círculo da Força", foi onde escrevi o texto que reproduzo abaixo.
Porque decidi que deveria republicar o artigo neste blog?
Por dois motivos importantes, primeiro porque esses blogs ainda que se encontrem acessíveis, há anos que não escrevo lá nada, segundo porque este texto, de alguma forma, ajuda-me a recentrar-me.
Porque preciso recentrar-me? 
Bem, porque é algo que devemos fazer com frequência, pois as contingências da vida, muitas vezes, afastam-nos do essencial e do que é verdadeiramente a nossa essência.
A vida insiste em ocupar-nos com o prioritário, o que nos leva a  abstrairmo-nos  do essencial. Mas se as coisas práticas e primárias da vida não podem ser deixadas ao acaso, o essencial e a nossa essência devem estar presentes sempre, mesmo na situação mais prosaica da nossa vida.
Esta não é uma declaração de novo ano, nova vida, é antes uma reflexão a que esta época, de família e de esperança no futuro, nos acaba por conduzir.
Desejo-lhes um Novo Ano, 2023, repleto de desafios, objetivos cumpridos ou quedas, de que se reerguerão, mais fortes e mais sábios, e que nunca deixem pelo caminho a vossa essência, porque só ela poderá dar um verdadeiro sentido à vossa vida e porque é nela que conseguirão encontrar a paz interior que nos permite alcançar a felicidade, apesar de todos os pesares.

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Por natureza,  sou céptica e utilizo, invariavelmente, a dúvida sistemática, em todas as questões importantes da minha vida, quer elas se prendam com valores morais, filosóficos, éticos, legais, sociais, científicos, religiosos, espirituais ou humanos.
No entanto, nunca, ou muito raramente, existiu dentro de mim qualquer dúvida acerca existência de um poder maior e mais inteligente do que o dos humanos, o qual define e conduz de forma intencional o "destino", evolução e transformação do Universo.
Segundo a teoria mais aceite, o Universo "nasceu" do poderoso Big Bang, o qual não passou, descrito de uma forma mais ou menos simplista, de uma enorme explosão ocasionada por uma imensamente grande concentração de energia, num ponto infinitamente pequeno.
A ser assim, podemos dizer que tudo o que existe no Universo, tal como ele próprio, tem a mesma origem e a mesma natureza, ou seja, tem a mesma essência primária. 
As diferenças existentes nesse "tudo" - galáxias, sóis, planetas, montanhas, mares, pessoas, animais, vegetais ou minerais - derivam apenas das infinitas formas como essa energia, ou essência inicial, se recombinou e organizou, transformado-se em matéria. 
Matéria essa que, evidentemente, está imbuída dessa energia primeira. Na verdade, nada mais é do que essa mesma energia.
Assim, cada uma das coisas existentes no imenso Universo não são nada mais do que energia transformada, recombinada, organizada.
Tenho para mim que esta energia primeira é inteligente, autodeterminada e "age" com um propósito definido.
Pelo que não me incomoda, ou escandaliza, que nós humanos tenhamos encontrado formas para tentar identificar e compreender os mistérios da vida e do Universo, através da "criação" de diversos Deuses. Outro tanto não posso dizer acerca das barbaridades que, ao longo dos tempos, os homens têm feito e continuam a fazer, em nome desses mesmos Deuses.
Estes Deuses mais não são do que a essência primeira e, ainda que se lhe atribuam diferentes nomes, Deus é só um, tal como a energia essencial é uma só.
Assim sendo, Deus é energia inteligente, intencional e autodeterminada, sendo ambos, Deus e Energia ou Essência Primária, a mesma e uma única "coisa". As suas formas de se manifestar podem ser tantas, quanta a sua infinita capacidade de se recombinar, transformar e evoluir.
De facto, a minha grande dúvida não se refere à existência, ou não existência, de Deus, mas, sim, ao que existia antes do Big Bang. 
A minha grande dúvida prende-se com o Nada.
Porque a mente humana não tem capacidade de entender, verdadeiramente e de forma interiorizada, o conceito do Nada. Pergunto-me, o que existia, então, antes do Big Bang e o que era esse Nada, no qual aquele pequeno ponto de energia, que lhe deu origem, flutuava?  
Enquanto não conhecemos a resposta para esta questão, temos outras questões que, ainda que complexas, são de mais fácil abordagem.
Assim, voltando à dúvida sistemática, vou colocar diversas questões, as quais põem em causa, exatamente, algumas das afirmações que fiz neste texto e que de alguma forma o desmontam:


Universos paralelos

1. O Universo nasceu de facto do Big Bang?

O Big Bang é apenas uma Teoria cosmológica, acerca do nascimento do Universo, sendo, contudo, a teoria dominante entre os cientistas. Na verdade, ninguém sabe exatamente como nasceu o Universo.

2. Mas afinal o que é o Universo? O Universo é só um, ou existem mais?

"O Universo é constituído de tudo o que existe fisicamente, a totalidade do espaço e tempo e todas as formas de matéria e energia. O termo Universo pode ser usado em sentidos contextuais ligeiramente diferentes, denotando conceitos como o cosmos, o mundo ou natureza."
Não temos forma, ainda, de provar que apenas exista um Universo. Alguns cientistas sugerem, até, a existência de vários Universos, sem aparente ligação entre si. 

3Tudo o que existe tem energia própria?

Ainda que não consigamos detetar a energia de todas as coisas, não quer dizer que estas não a tenham, pois não conhecemos ainda todas as formas de energia existentes no Universo..

4. É verdade que só existe um Deus?

Não é possível comprovar a existência de um ou mais Deuses. Da mesma forma, não é possível provar  a sua inexistência.

5. Nesse caso, porque afirmo eu que só há um Deus?

A minha afirmação prende-se  com:
  • A existência de Energia em todo o Universo;
  • A capacidade de evolução e transformação do Universo e de todas as coisas nele existentes;
  • O facto de que desde que existe Humanidade, existe também espiritualidade, independentemente de esta se encontrar, ou não, associada a uma determinada religião;
  • O facto dos fundamentos básicos e princípios originais, de todos as religiões e correntes espirituais, serem comuns a todas elas;
  • O poder da oração, vivenciado em todas as religiões;
  • As diversas habilidades e capacidades energéticas humanas, efetivas,  as quais, tantas vezes, são  incompreendidas, desacreditadas, denegridas ou condenadas, apenas porque ainda não temos explicações científicas para as mesmas.
  • O facto de toda a Natureza agir em função de algo que, habitualmente, denominamos como instinto de sobrevivência.


Quanto a mim, as diferentes religiões não são mais do que diferentes formas dos homens viverem a sua espiritualidade. De se conectarem com Deus e com o Universo.
A energia que nos anima detém as memórias do Todo e, portanto, o próprio Todo, ainda que não consigamos chegar até elas, a não ser por breves e raros momentos de elevação espiritual.
Na verdade, o corpo físico, de cada um de nós, não é mais do que uma carapaça que, durante algum tempo, alberga uma determinada energia que podemos denominar de espírito, alma, essência, ou qualquer outra denominação afim;

6. Se só existe um Deus, por que razão, ao longo dos tempos, os Homens têm feito guerras em nome dos seus diferentes Deuses? E, acima de tudo, por que razão vivem os homens em constante "guerra" consigo mesmos, com os outros homens, com a natureza e com tudo o que os rodeia? No fundo, a questão é por que razão existe o "Mal" se o Deus é só um?

Não existe uma resposta fácil ou verdadeira para esta questão. Se a conhecêssemos teríamos já, certamente, desvendado o maior, mais indecifrável e complexo mistério do Universo.
Se o Universo é feito de Energia e Matéria. Se Deus é igual a essa Energia e Matéria, nada de mau ou negativo deveria existir Nele. Mas, como todos nós sabemos, a energia só realmente se produz e revela quando se transforma, isto é, quando existem dois entes ou sistemas físicos em interação.
Da mesma forma, para criarmos e entendermos conceitos precisamos de uma interação, neste caso, de opostos. 


A morte opõe-se ao nascimento, a dor à alegria, a maldade à bondade, a noite ao dia, a maré cheia à maré vazia, a sabedoria à ignorância, o alto ao baixo, o esquerdo ao direito, o quente ao frio,...................!!!!



Assim, poderemos interpretar que, da mesma forma que o Universo se continua a expandir, também nós continuamos a evoluir. Para que essa evolução seja possível temos que nos confrontar com "dificuldades", temos que conectar-nos com os dois lados de uma mesma realidade. Esses dois lados que, para facilitar, denominamos de bem e de mal, porque opostos, entram em choque e é, acima de tudo, desse choque que resulta a energia que nos permite evoluir.
E é aqui que voltamos ao Nada, esse Nada que desconhecemos, mas que, pela lógica, é o oposto do Universo.
No dia em que os nossos espíritos alcançarem a compreensão do Nada, será o dia em que toda a complexidade do Tudo desaparecerá, eliminando os opostos e originando  a Unidade.
Acontece que desta  última afirmação resulta algo que contradiz, em parte, o que afirmei no texto inicial. Mas, só seria possível descobrir-se essa contradição após analisarmos aquilo que conhecemos.
Assim, aquilo que conhecemos e compreendemos, embora ainda com muitas lacunas, é o Universo. Aquilo que desconhecemos, não compreendemos e de que não temos qualquer representação é o Nada (a ausência de Universo).
Portanto, a afirmação de que o Universo é igual ao Tudo e, portando, igual a Deus deixa de ser verdadeira, pois o Tudo, tal como Deus, são constituídos, simultaneamente, pelo Universo e pelo Nada.
Por que razão faço esta afirmação?
Bem, voltemos então ao princípio. Segundo os cientistas, o Universo nasceu da explosão de um pequeno ponto que continha uma imensa energia. Segundo os Génesis, primeiro havia as Trevas.



O pequeno ponto, necessariamente teria que estar em algum "lugar" e que ter nascido de algo.
Então, chamemos a esse "lugar" e a esse algo o Nada ou o Não Universo ou, alternativamente, as Trevas.
Se Deus é pré-existente à criação do Mundo/Universo, então Ele é também, o Nada, o Não Universo, e as Trevas.
Nós homens tentamos, muitas vezes, reduzir Deus à nossa diminuta dimensão, atribuindo-lhe características, humores, exigências, preconceitos, limitações ou leis que são meramente humanas.
Negociamos com Ele as nossas vidas, projetos, sonhos, desejos ou dores, absolutamente alheios à imensa dimensão de Deus que, obviamente, não está "preocupado" com o pecado, ou se comemos carne ou peixe, com o tamanho do decote, o comprimento da saia, ou qualquer outra pequenez humana
Na verdade Ele é algo que ainda não compreendemos. 
Porque Ele é o Tudo, é, também, cada um de nós. Está presente em cada um de nós. Mas, enquanto Ele é a Harmonia entre os opostos (Universo vs Não Universo - Ponto de Energia vs Nada; Trevas vs Luz), nós, na busca contínua de darmos sentido à nossa existência, debatemo-nos entre o Bem e o Mal, agindo, muitas vezes, como dementes ou seres maléficos.
A dimensão de Deus é Infinita, no sentido de que Ele é bem maior do que o Universo que, por si só, já nos parece infinito,  Ele é o conjunto do Universo e do Não Universo  (Nada).
Então, enquanto não atingirmos o entendimento do Nada, não conseguiremos compreender a verdadeira dimensão de Deus, nem atingir a União total com Ele.  


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