O ARQUIFOLHA - Jornal trimestral com notícias do passado, publicado pela Câmara Municipal de Santiago do Cacém

Aqui vos deixo um cheirinho desta publicação da minha/nossa terra, que nos chega do passado e nos ajuda a compreender o presente e, quem sabe, a descobrir melhores projectos para o futuro.

EM CERROMAIOR
“… Nuvens baixas, cor de fuligem, ergueram ao redor do Castelo monstruosas e enoveladas figuras, que dir-se-iam prestes a desabar. Um vago temor quedava-se sobre as casas. Cada vez mais se fechava a bocarra cavada por cima da muralha,onde os restos de luz lívida se arrepiavam de pânico e subiam a refugiar-se lá para o alto.
Fez-se noite. Um estranho silêncio enchia as ruas, onde raros vultos passavam apressados. As casas fechavam-se. Nos quartos mais escuros, as mulheres acendiam velas junto das imagens. Crianças acolhiam-se ao colo das mães, procurando tapar as cabeças. Os homens, enervados, atravessavam as salas até junto às janelas, à espreita.”
Manuel da Fonseca – Cerromaior. 6ª Edição. Lisboa: Caminho, 1988, pp. 57 e 58.

POLÍTICA

CONTRA A CARESTIA

No dia 9 de Abril de 1923, o administrador do concelho
informou o governador civil da manifestação promovida pela Associação dos Trabalhadores Rurais de Santiago do Cacém, ocorrida no dia anterior e dos tumultos que lhe sucederam.
Durante os protestos contra a carestia de vida, as autoridades prenderam “conhecidos bolchevistas”e “outros conhecidos pelas suas ideias avançadas”. Porém, por falta de provas, só os primeiros ficaram presos. A supramencionada associação viu, pela terceira vez, apreendida toda a sua escrita, estatutos e chaves e nos dias seguintes foram presos dois funcionários da Secção de Via e Obras do Caminho-de-Ferro, por espalharem propaganda junto dos trabalhadores, incitando-os à revolta.

DESTITUIÇÃO DA JUNTA DE FREGUESIA DO CERCAL
Na Primavera de 1938 teve início uma querela entre a Junta de Freguesia de Cercal do Alentejo e a Câmara Municipal, motivada pelo preenchimento da vaga do
partido médico na freguesia de Alvalade. A decisão do executivo camarário, baseada na densidade populacional daquela freguesia, que havia muito estava privada de
cuidados de saúde, ia contra as pretensões da junta de freguesia de Cercal do Alentejo, cujos fregueses tinham ficado sem clínico após a morte do Dr.Romão de Brito.
Esta querela, que fez correr muita tinta nos jornais a Voz e Diário de Alentejo, tomou proporções tais que o Ministério do Interior acabou por depor o executivo da
dita junta em 25 de Janeiro de 1940 através do Decreto n.º30.282.

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