Momentos de Solidão



Quando a noite dorme
Os homens sonham,
Sonham palavras de amor e de guerra,
Sonham vidas de força e de dança.
Caminhando pelas brumas da memória,

Ouvindo o borbulhar dos rios,
Dançando na alvorada
Entre a vida e a morte que espreita.
Vivo só, ou acompanhada.
E aguardo.
Aguardo a fome, a vida e a seiva.
Aguardo o sol e o luar.
Caminho pelas trevas,
Arrisco, corro,
Sofro e caminho
Porque só caminhando se vive.
Toda a vida tem colorido
Toda a morte tem silêncio.
Amo e sinto.
Toco e vibro.
Adormeço nos braços do luar,
Renasço das trevas na alvorada.
Por vezes, sinto que me extingo.
Por vezes, sinto que vibro,
Por vezes, nem sei se vivo.
Por vezes, não sei o caminho.
Por vezes, perco a jornada.
Mas sei que há um caminho.
Perco-me no labirinto.
Encontro o fio de Ariana
Resvalo nas ondas da vida.
Renasço no mar.
Bebo o orvalho da vida.
E sonho ao luar.
Cheiro a flor que se aproxima.
Procuro a mão que me guia.
Retomo ao labirinto.
Lágrimas salgadas
Enevoam meu olhar.
Quanto cansaço, por vezes.
Quanta energia e amor.
Regresso sempre ao destino.
Volto sempre ao meu amor.
Procurar é meu destino.
Regressar é o meu lar.
Aprendo, vejo e não oiço,
Oiço a voz que me chama.
Inflamo-me numa dor sem par.
Tréguas, suplico sem voz.
A calma ergue o seu pano.
E eu, por fim aninhada,
Aguardo o toque da vida,
Ressequida, ávida, tolhida,
Aguardo o abraço da vida.
Aguardo a voz amada.







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