Ressaltam na memória
Suavidade, doçura, vitalidade.
Espreita a dúvida
E, em sobressalto,
Refreio o descompasso.
Alma revolvida,
Coração apertado,
Medo e perplexidade.
Uma música sentida,
Indefinida, irreal,
Ressoa-me no espírito.
Pura nostalgia
Cavalgo no último dos cavalos alados,
Trotamos nas nuvens,
Apanhamos estrelas,
Num galope desenfreado.
Não Pégaso,
Eu e Zorba,
Este sim, o último,
O meu Cavalo Alado.
Encosto o meu rosto às suas longas crinas,
Que, livres, esvoaçam ao vento.
Vibro ao ritmo
Do seu potente galopar.
Nossos corações,
Em uníssono,
Batem ao ritmo
Do luar.
Estremeço com o seu resfolgar.
Seguimos a passo, exaustos,
Mas felizes, sobre o manto de estrelas,
Que nos envolve e ilumina.
O seu corpo, potente e forte,
Aquece o meu frágil coração.
O som dos seus cascos macios
Embala-me no sonho e na ilusão.
Fustigado pelo vento,
O cabelo bate-me no rosto.
Não quero despertar.
Não quero acordar.
Do sonho não vivido,
Mas sentido,
Quero viver,
Intensamente,
Docemente,
As cores e os sabores.
Real, imaginário.
Não me interessa.
Não quero saber.
Belerofonte matou Quimera?
Pois eu a ressuscitei.
Recordar, Amar
E, sempre,
Sempre, Sonhar.
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