Drogas, Alcool e Dependências

Ajudar e entender o que se passa na alma de alguém que "escolhe" não viver, não aceitar nem os seus dons e virtudes, nem os seus limites ou defeitos, entregando-se por isso a qualquer tipo de dependência que o atordoe, que o "ajude" a fugir dos seus fantasmas, sem ter que os enfrentar, é, à partida e normalmente, uma batalha perdida.
Todos temos fantasmas e medos escondidos dentro de nós, prontos a fazerem a sua aparição e a dominarem-nos se não os olharmos de frente, se não lutarmos contra eles, se não  nos amarmos a nós próprios, se não nos perdoarmos pelos nossos erros,  pelas nossa inseguranças, pelos nossos medos e, acima de tudo, por não nos perdoarmos por não termos sido capazes de nos fazer amar ou aceitar por aqueles de quem mais queríamos amor, aceitação ou admiração.
Se escolhermos viver numa permanente ansiedade, com medo de tudo o que nos possa fazer sofrer, nunca conseguiremos saborear plenamente todas, ou nenhuma, das diferentes formas de amor, beleza, bem-estar, sucesso ou magnificência que rodeiam a nossa vida.Ainda assim, na grande maioria dos casos, os "desistentes" procuram algum tipo de conforto ou referências. É por esse motivo que a larga maioria dos dependentes se integra em grupos.

Só muito raramente e em situações muito específicas é que, particularmente se nos referirmos a droga, alguém se torna toxicodependente pela má influência de determinadas pessoas ou grupos.
Na realidade, a maioria destas pessoas procura-se e une-se pelas mais básicas e humanas necessidades de pertença, de integração e valorização pessoal.
Naqueles grupos todos são aceites sem ser olhados como estranhos, diferentes ou incapazes. A falta de autoestima, a insegurança ou a imagem negativa que têm de si próprios é comum a todos. 
Mas, ali, porque unidos, encontram-se, de certa forma, protegidos do olhar crítico, condescendente, intolerante ou, por vezes, cruel e marginalizador da sociedade e da família, pois  todos são aceites e valorizados, como pares, ainda que nenhuma das limitações, frustrações, lacunas ou falhas seja alterada ou esquecida.
A união dá-lhes uma falsa sensação de segurança, uma distorcida ideia de normalidade e é a desculpa perfeita para, enquanto críticos da sociedade ou da família, escolherem trilhar e defender um caminho, desvalorizando ou negando os seus malefícios, que inevitavelmente os conduzirá à destruição, caso não se consigam afastar a tempo.
Não há uma causa única ou específica para enveredar pela dependência, mas essa "decisão" prende-se sempre com a não aceitação da imagem que têm de si próprios e com a dificuldade, inércia e falta de motivação para alterar comportamentos, enfrentar medos ou lutar pela felicidade, pela qual anseiam, mas que não conseguem, nem tentam alcançar.
Quando tentamos salvar aqueles que desistiram à partida, normalmente, acabamos por ser arrastados nessa onda de emoções negativas, de sentimentos de incompreensão, de raiva contra o mundo, contra o sol que insiste em nascer todos os dias, contra a natureza que sobrevive revigorada às maiores tempestades, contra um Deus, cruel e vingativo, que eles consideram ter-lhes dado menos hipóteses que aos outros, contra o nosso amor por eles, porque o vêem não como uma dádiva, mas como uma espécie de confirmação das suas supostas, ou reais, incapacidades, deficiências ou erros.
A Batalha está perdida à partida, porque o nosso adversário não nos dá luta, apenas nos transmite culpa, dor e impotência. 
Só poderemos ajudar aqueles que querem ser ajudados, pois, no fundo, só cada um, por si próprio, é capaz de dar o primeiro impulso para iniciar a subida.
Dar a mão a alguém que quer subir e ajudá-lo a caminhar é gratificante e positivo. Tentar puxar alguém que tomou a decisão de se autodestruir e vive na procura da morte, mascarada de rebeldia, agressividade ou desencanto, resulta apenas em insucesso e sentimentos de culpa.
A culpa é, à semelhança do ódio, um dos sentimentos mais improdutivos e negativos que existem. Por mais que tenhamos errado, podemos sempre começar de novo, apenas a culpa, o medo e a inércia nos poderão impedir de, desta vez, acertarmos o rumo, amarmos e sermos amados e vibrarmos com todas as coisas boas e magnificas que nos rodeiam e, acima de tudo, nos aceitarmos e amar-nos a nós próprios.
A dor, a tristeza, a maldade existem no mundo, mas devem ser vistas, apenas, como o contraponto de todas as coisas positivas que o mundo tem e que nos impulsionam para lutarmos contra as negativas.
Aos que escolheram desistir, apenas podemos amá-los e deixá-los partir. Afinal, essa é a essência do amor, dar e libertar.

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