EXERCÍCIO DA VERDADE

"A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruina-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida."
                                                                 Franz Kafka, in 'Conversas com Kafka'

  
No nosso dia-a-dia é recorrente confrontarmo-nos com o facto de, quase todos nós, usarmos alguma espécie de máscara nas nossas relações familiares, sociais ou profissionais, ou seja, de alguma forma, existe, muitas vezes, alguma inverdade naquilo que dizemos e fazemos ou na forma como nos comportamos com os outros.
Mas, se essas máscaras que usamos, pelas mais diversas razões, são importantes e, muitas vezes, determinantes no nosso relacionamento com os outros, mais importantes do que estas são as máscaras que usamos connosco próprios.
O exercício da verdade, particularmente, o exercício da verdade connosco próprios, pode revelar-se algo extremamente doloroso ou difícil. 
As verdades que tentamos esconder de nós próprios são as verdades inconvenientes. Aquelas que, caso as enfrentemos, nos podem obrigar a fazer alterações nas nossas vidas, algumas delas radicais, ou que nos podem destruir os nossos castelos de vidro, tão laboriosamente edificados, ou quebrar os nossos pés de barro, em que afanosamente nos tentamos equilibrar.
Por vezes, construímos mitos relativos às nossas próprias vidas, culpamos o passado, os outros ou as diversas conjunturas, dos nossos insucessos, depressões ou más disposiçãos, apenas porque não conseguimos lidar ou confrontar-nos com as nossas verdades mais profundas, quer porque são demasiado dolorosas, quer porque nos obrigariam a realizar alterações nas nossas vidas, com as quais não nos sentimos confortáveis, quer ainda porque destruiriam os nossos sonhos dourados e revelariam que a realidade do nosso presente, afinal, é apenas um parente pobre daquilo que havíamos sonhado.
Mas, mesmo que consigamos viver uma vida inteira tentando enganarmo-nos a nós próprios, o nosso coração e o nosso inconsciente, a todo o momento, emitem sinais de alerta, os quais muitas vezes se manifestam em atitudes, comportamentos ou sentimentos que, embora nossos, não conseguimos compreender.
Fazer o exercício da verdade connosco próprios não é tarefa fácil, mas é certamente a única forma de atingirmos a paz interior e, portanto, a felicidade.

Comentários

  1. Não é messssmo! Daí a origem da palavra personalidade: persona...máscara! Sair da nossa zona de conforto e nos lançarmos nesse autoconhecimento não é prá quem quer...e sim pra quem pode! No sentido de sustentar essas des_cobertas que tantas vezes gostaríamos que ficassem bem escondidas...inclusive de nós mesmos.
    Beijuuss, Tê amada, n.a.

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