SILÊNCIO



A voz do silêncio é poderosa e forte.
Ecoa na imensidão de mim.
Sentimentos e pensamentos emergem soltos,
Ganham vida,  envolvem-me, dominam-me.
Estilhaço a sua voz com palavras gastas, gargalhadas fictícias.
Não posso, nem quero, ouvir a voz do silêncio,



Revelando pensamentos inaceitáveis,
Verdades indivisíveis, sentimentos inconfessáveis.
Atordoo-me num mar de palavras, sons e ruídos,
Trabalhos e imposições.
Enredo-me na teia tecida nas malhas da vida.



Ah, como é doloroso esse silêncio das palavras não ditas.
De verdades omitidas, de dúvidas não esclarecidas, de sentimentos agrilhoados.
Ah, como queria gritar ao mundo todas as verdades contidas, desejos reprimidos, dores caladas, sentimentos amordaçados.
  
Ah, como é bom o silêncio entendido, feito de ausência de palavras, da sintonia de pensamentos e sentimentos, numa única vibração.
Ah, como gosto do silêncio ruidoso da natureza, onde me encontro, eu e o mundo, como uma só essência.
Ah, como gosto de fechar os olhos e planar, no silêncio dos pensamentos. 

 Ir ao encontro de mim. 
Ver-me nua, despida de dogmas, preconceitos, superstições, regras e grilhões, imposições, deveres, conceitos e definições.


 

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