Envelhecer Graciosamente

Por qualquer razão inexplicável, só me consciencializei de que entrara na curva descendente da vida, não quando fiz 50 anos, mas ao fazer os 51, ou seja, há poucos meses. Não porque me tivesse sentido envelhecer subitamente,  não porque tivesse perdido faculdades ou energia, não porque ao olhar para o espelho me achasse mais velha. Mas, talvez, porque 51 já é um passo em frente para os 60.
Para mim, viver sem estar apaixonada é sinónimo de depressão, de acomodação e de inércia. Sempre fui uma pessoa  apaixonada;  Apaixonada pela vida, pelo Amor, pela inteligência, pela alegria, pelos sorrisos, pela ironia e pelo humor; Apaixonada pelas coisas de que gosto e a que me dedico (escrever, pintar, dar aulas ou formação, ou mesmo todos os outros empregos que tenho tido ao longo da vida, aos quais me entrego com dedicação,  embora não me encham as medidas); Apaixonada pela natureza, pela espiritualidade, pelas pessoas e, em particular, pelas minhas pessoas. 
E, simultaneamente, sempre fui irreverente e rebelde, um pouco "louca", como  a minha família e os amigos mais próximos costumam dizer. Provavelmente, estas características fazem todo o sentido numa pessoa apaixonada.
Talvez que a minha maior dificuldade, em aceitar o envelhecimento, provenha, de facto, de ter alguma, ou mesmo muita, dificuldade  em associá-lo a paixão, rebeldia, irreverência e "loucura" e, portanto, de o ver como a morte da minha pessoa ou, mais propriamente dito, da "imagem" que tenho de mim enquanto pessoa.
Sempre me achei uma pessoa com uma grande facilidade de me adaptar às diversas realidades e perdas que tenho tido ao longo da vida. Mas, esta realidade e perda, ou ideia de perda, têm sido aquelas a que tenho tido mais dificuldade em me adaptar. 
Sinto que, desde Agosto, tenho vindo a passar por aquilo que se designa habitualmente como "Os 5 Estádios do Luto ou da Dor": 1. Negação:  "Isso não pode estar acontecendo.", 2. Cólera (Raiva): "Por quê eu? Não é justo.";  3. Negociação: "Deixem-me viver ....."; 4. Depressão: "Estou tão triste."; 5.Aceitação: "De alguma forma, tudo vai acabar bem.".
Estou agora chegando à fase 5, com algumas feridas,  as quais estou "lambendo", fazendo e refazendo contas com a "vida" e com as minhas pessoas, as quais iremos saldar, e, de quando em vez, com algumas "recaídas" nas fases anteriores.
Espero conseguir envelhecer com graciosidade, sem vir a ser uma velha patética, ridícula,  amarga ou rezingona, mas, antes, uma velha gira, divertida e com quem os outros sintam prazer em estar.

Dedico este post a todos e todas que se encontram nesta "fase". 
Vasco, Pedro, Eu, João e Adriana
Dedico-o à minha família que teve que se adaptar, pacientemente, às minhas alterações de humor e também às modificações que fiz na minha forma de estar na vida. 
 
Dedico-o a todos os amigos e amigas que me acompanharam nesta árdua caminhada. 

E, dedico-o, de forma particular, ao Mr. G, que ficará para sempre no meu coração como um homem da minha vida.

Comentários

  1. Tê amaaada kkkkkk
    Tô rindo pq vc bem se lembra daquela postagem minha sobre "Desses Milagres", tem jeito não amiga e domingo posto uma que estou acabando de escrever e "chorar"...de fato rio e muito, pq a cada dia é uma novidade que essa idade nos presenteia. Bacana é vê-la lindona ao lado de seus amados...e isso não tem tempo que a_pague!
    Beijuuss n.a.

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