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O Sobreiro, 1905, pintura de D. Carlos I. |
O Sobreiro é uma das riquezas naturais da
Península Ibérica e, particularmente, de Portugal, especialmente no Alentejo e
Algarve.
O sobreiro é uma árvore espantosa, de grande
longevidade, pode viver, em média, 150 a 200 anos, e tem uma enorme capacidade de regeneração, a sua espessura de
casca permite que, a cada década, seja extraída a cortiça, sem danificar a árvore.
Toda a minha vida se encontra indissociavelmente
ligada ao sobreiro. Alentejana que sou, passei, na minha infância e
juventude, muitas das minhas férias no Monte e, pelas tardes de Primavera
ou Verão, lá íamos nós, eu e as minhas primas, de livros, manta e telefonia
(rádio) às costas, à procura da sombra generosa de um sobreiro, ou das
suas pernadas que nos serviam de assento e encosto.
No
Verão chegavam os Ranchos de tiradores da cortiça e, com a sua arte
firme, mas delicada, descascavam troncos e pernadas dos sobreiros, das
suas grossas e leves cascas que, pacientemente, estes, ao longo de dez
anos, tinham deixado engrossar.
Hoje,
continuo a viver, na maioria dos fins-de-semana, no meio destas árvores
robustas, belas e generosas, que tanto têm contribuído para o sustento
de muitos portugueses e para o equilíbrio da economia do país.
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Tirando a cortiça |
"Montado de sobro- Monchique" - Carlos Almeida |
Árvores frondosas e imponentes, os sobreiros podem por vezes chegar aos vinte e cinco metros e viver até aos trezentos anos, nunca deixando de servir quem os rodeia: as populações que periodicamente as despem dessa sua casca tão especial, caso único entre as cascas de outras árvores, e que as protege tanto das mais gélidas invernias, como dos frequentes incêndios que marcam os verões secos e escaldantes que caracterizam as regiões mediterrânicas. É este tecido vegetal que continua a surpreender a comunidade científica pela polivalência das suas qualidades, que resguarda do fogo as partes vitais da árvore, permitindo a sua renovação, num ciclo de vida que atravessa gerações e que assegura a sustentabilidade ambiental, já que todos os descortiçamentos (ou tiradas) são exercidos de forma manual e cuidadosa, para não causar qualquer dano ao sobreiro ou ao meio envolvente. A capacidade de regeneração desta árvore é tal, que mesmo sem serem utilizados herbicidas químicos, fertilizantes ou irrigação, durante os nove anos que separam cada tirada, a casca volta a nascer e a cortiça fica pronta para ser de novo recolhida.
Nestas florestas de rara beleza, Homens e animais convivem serenamente, como sempre conviveram desde que, em tempos longínquos, o Homem se apercebeu do muito que o sobreiro tinha para oferecer para além da sua cortiça. Ainda hoje, caça nos seus bosques, apanha o mel dos seus cortiços, os cogumelos que crescem em abundância na base dos troncos, usa a sua lenha para combustível e os seus frutos, as bolotas, como alimento para os seus rebanhos. É também o crescente plantio do montado de sobro que impede a desertificação do sul de Portugal, uma região seca, árida e de terrenos arenosos, pois ajuda a reduzir a erosão dos solos e assegura a subsistência das suas populações.
“Quem se preocupa com os seus netos, planta um sobreiro”. É este velho mas sábio ditado popular que os pais insistem em transmitir aos seus filhos. As gentes da terra sabem que o seu futuro e o dos seus descendentes passa não só pela exploração da cortiça e o fabrico de rolhas, como pela manutenção da riquíssima biodiversidade ambiental do montado e até do equilíbrio do próprio clima. Além da capacidade de produção de oxigénio, uma característica comum a todas as árvores, o sobreiro possui uma estrutura celular única e muito particular, que o torna capaz de reter o dióxido de carbono, o principal responsável pelo aquecimento global do planeta."
Fonte APCOR
Pela importância socioeconómica e ambiental do sobreiro, pelo amor ao sobreiro e ao montado de sobro, muitas são as pessoas que lutam, das mais diversas formas, pela sua defesa, manutenção, desenvolvimento e investigação.
Convido-vos a visitarem no nosso site MOVIMENTO PELA DEFESA DO MONTADO DE SOBRO e o nosso Grupo do Facebook, com o mesmo nome, para que possam conhecer, um pouco melhor, o que é este montado, em Portugal, e o que se faz pela defesa do mesmo, do seu ecossistema e em prole do desenvolvimento socioeconómico das pessoas e regiões que dele, em grande parte, dependem.
Convido-os, igualmente, a visitar os sites ROTA DA CORTIÇA e ECOLOGICALCOR pela interessante e diversificada informação que contêm.
Utilização da Cortiça
A
cortiça é um material de origem vegetal, 100% natural, reciclável e
biodegradável, tem múltiplas utilidades. Através da sua transformação é
possível obter diversos tipos de materiais e produtos muito úteis,
ecológicos, leves, resistentes, pouco inflamáveis, impermeáveis, macios e
bonitos e é também excelente como isolante térmico e acústico.
A cortiça é utilizada para o fabrico das rolhas das garrafas de vinho
(não há vinho que se preze, que aceite outra rolha que não uma rolha de
cortiça), em diversos tipos de pavimento, como revestimento de paredes,
e numa grande variedade de outras utilizações e produtos.
Este tecido vegetal, utilizado para os mais diversos fins,
há já milhares de anos, possui qualidades únicas, sendo muito leve, impermeável
e notavelmente resistente ao atrito, pode ser limpo com um pano húmido e sabão
neutro.
Porque é um excelente isolante térmico, acústico e vibrático, em
inúmeras obras – pistas de aterragem, auto-estradas e pontes – a
cortiça pode ser aplicada como preenchimento de juntas de dilatação
entre elementos de betão, tijolos ou placas. Capaz de acompanhar as
dilatações térmicas, a cortiça une as estruturas, protegendo-as das
fissuras, comprimindo-se, mas voltando à sua forma original mesmo depois
de pressões extremamente fortes ou de curta duração. Nas barragens,
reservatórios de água e em piscinas, a cortiça assegura juntas
completamente herméticas, essenciais à funcionalidade e à segurança.
Em coberturas, em paredes, no exterior ou no interior, em sub-pavimentos, as placas de aglomerado expandido puro
são um autêntico muro, leve mas resistente às diferenças de temperatura
e até ao fogo, ao ruído e às vibrações. Nas câmaras frigoríficas, em
máquinas de grande porte, no isolamento de condutas e em tubos de vapor e
nas instalações de ventilação, estas placas são um factor de economia
de energia muito relevante.
O aglomerado expandido puro pode ainda ser novamente transformado em grão, dando o chamado regranulado de cortiça expandida, utilizado na elaboração de betões leves (misturado com areia e cimento), bem como no preenchimento de espaços vazios em pavimentos e paredes.
Alguns arquitectos têm utilizado a cortiça nos seus projectos, quer em interiores, quer em exteriores de edifícios.
Veja algumas ideias:
Alguns arquitectos têm utilizado a cortiça nos seus projectos, quer em interiores, quer em exteriores de edifícios.
Veja algumas ideias:
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Pavilhão de Portugal na EXPO 2000 |
Fonte:APCOR
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Pavimentos em cortiça |
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Pavimentos em cortiça |
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Revestimento de parede |
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Revestimento de parede - Papel de cortiça |
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Revestimento de parede cortiça queimada |
OBSERVATÓRIO DO SOBREIRO E DA CORTIÇA - CORUCHE |
"O sobreiro,
sobro, sobreira ou chaparro (Quercus suber) é uma árvore
da família do carvalho, cultivada no sul da Europa e a partir da qual se extrai
a cortiça. O sobreiro é, juntamente com o Pinheiro-bravo, a espécie de árvores
mais predominante em Portugal, sendo mais comum no Alentejo litoral e serras
Algarvias.
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Pilha de cortiça |
O sobreiro também fazia parte da vegetação natural da Península Ibérica, sendo espontâneo em muitos locais de Portugal e Espanha, onde constituía, antes da ação do Homem, frondosas florestas em associação com outras espécies, nomeadamente do género Quercus.
As folhas do sobreiro medem 2,5 a 10 cm por 1,2 a 6,5 cm, e são de cor verde escura e sem pelos. Têm forma denticular, uma nervura principal algo sinuosa e 5 a 8 pares de nervuras secundárias.
O fruto, como em outros carvalhos (Quercus spp.) é a bolota, também conhecida por lande ou ainda (mais corretamente) glande.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiijIWeWXZC4u2f418pWa46muKVvy47PhaDm-56zpqgX3f7nj0riWpFC9YAXf5UZGCxGgKyV6XhRpDOf0SV1VKOvdDSa7Xpc1e-kK03I1hCpUoDeiEk_0Qi_7-EGIMFCHj5KINu2qzizL8N/s400/mediter.jpg)
Área de
ocorrência do Sobreiro (Mediterrâneo ocidental).
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Distribui-se essencialmente pela Península Ibérica e
por alguns locais mais húmidos do norte de África. Em Portugal predomina a sul
do rio Tejo, surgindo naturalmente associado: ao pinheiro-bravo nos terrenos
arenosos da Península de Setúbal, Vale do Sado e no barlavento algarvio; Surge
ainda em alguns pontos de clima atlântico com pluviosidades extremamente
elevadas, como na Serra do Gerês, onde predomina nas encostas mais soalheiras.
Nas regiões a sul do Tejo o sobreiro comporta-se como
uma espécie de folhagem persistente e possui folhas mais pequenas, rijas e
escuras; quando surge nas regiões do norte do país, onde é menos frequente, tem
um comportamento ligeiramente marcescente, e folhas maiores, mais finas e claras.
De uma forma geral, em Portugal o sobreiro predomina no Alentejo litoral, Península de Setúbal, Baixa Estremadura, serras algarvias (com exceção das regiões próximas do Guadiana) e parte do Ribatejo, tendo núcleos dispersos no resto do país."
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/SobreiroNota: Esta crónica, publicada em 29 de Março de 2012, foi revista e atualizada em 14 de Fevereiro de 2013, sendo publicada simultaneamente no meu blog Projeções de um Perfil Fugidio
Andando na rota da Internet procurando fotos de " Janelas " encontrei o seu Blog por acaso, antes de mais parabéns pela maneira como escreve.
ResponderEliminarGostaria de poder fazer parte de um grupo onde os produtores de cortiça pudessem trocar ideias, informações, fotos, compra e venda de cortiça tudo o que esteja directa e indirectamente ligado a este sector da cortiça.Tento preservar o montado de sobro porque para além de ser uma fonte de sustentabilidade da economia portuguesa, vejo desvalorizados os apoios dados aos produtores de cortiça.Na minha infância brinquei tantas vezes nas raízes dum velho sobreiro, que ao olhar para ele sinto que a nossa história se confunde no tempo.Não tive a possibilidade de viver quotidianamente num monte mas tive o privilégio de ter os meus avós a viver num. Aqui deixo o meu endereço de email, mariagilgodinho@hotmail.com, desejo-lhe um bom 2015.