Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito
longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a
soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o
que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver
em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em
breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo
tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per
aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por
outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me
pesava do bem que tive, que do mal que tinha.
Menina e Moça, início, Bernardim Ribeiro
Também eu, menina e moça, sai de casa de meus pais, para vir estudar para a capital.
Deixei o meu querido Alentejo e a minha linda vila, Santiago do Cacém, hoje cidade, na firme convicção de que voltaria para casa, mal tivesse terminado o meu curso. Mas, há sempre um mas, acabei por ficar por aqui. Aqui casei e tive os meus filhos. Aqui descasei. Aqui tenho trabalhado nas mais variadas atividades e feito outros tantos cursos. Aqui voltei a refazer a minha vida. E, entretanto, passaram 35 anos...
Minha rua - foto minha
No entanto, Santiago será sempre a minha Casa. O Alentejo corre-me nas veias e, verdadeiramente, tenho sido sempre uma "estrangeira" na cidade de Lisboa.
Logo que as circunstâncias o permitam, voltarei para Casa. Para ali, perto do mar e do campo, onde todas as memórias dos meus antepassados repousam e onde quase toda a minha família se mantém.
Costumo dizer que as minhas malas estão sempre feitas e, logo que a "vida" me deixe, regressarei a Casa.
Enquanto isso não acontece, restam-me os fins-de-semana, as férias e as imagens que me levam de volta à minha cidade, localizada, naquilo que chamo o melhor do Alentejo, ou seja, o Litoral Alentejano. Os meus queridos amigos do interior do Alentejo que me perdoem, mas viver perto do mar e do campo é uma bênção extraordinária.
Vou voltar...com mais tempo
ResponderEliminarBeijinhos à mentora e sempre que puder, enviarei "bocadinhos" de Santiago, da nossa Terra.
Jorge Ganhão
Muito bom...Abraço Teresa e viva a Nossa Terra.
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