MEMÓRIAS DO VELHO QUARTEL

Quartel Velho - Bombeiros Voluntários de Santiago do Cacém
Ergue-se orgulhosamente, na íngreme ladeira que conduz ao castelo, o Velho Quartel dos Bombeiros.
As paredes, descascadas, mantém-se firmes, suportadas por décadas de memórias dos homens, de coração generoso, que lhe deram alma.
A larga porta vermelha, envidraçada, dá acesso a um mundo onde, para sempre, ficarão imortalizados momentos de abnegação e de coragem, de lágrimas e risos, de histórias mil vezes contadas e, também, de algumas fanfarronadas.
As paredes exalam um calor imaterial, reminiscências das fornalhas vividas, sussurrando palavras de encorajamento, impotência ou vitória que, indelevelmente, registaram.
Do alto da torre, o Velho Quartel contempla a cidade com benevolência. O seu olhar protege, com orgulho, o seu jovem herdeiro que, do outro lado da cidade, fervilhante de vida, alberga, agora, outros jovens e generosos corações, de homens e mulheres que, voluntariamente, protegem a vida, com  a sua própria vida.
Ao som das minhas memórias, de jovem e criança, oiço, ainda, o toque inconfundível da sirene, seguido do galopar de botas sobre a calçada, dos homens que, ainda meio despidos, acorriam à chamada.
Estes homens  valorosos que, ao longo dos tempos, esquecidos de si, correm em direção aos perigos, na tentativa de salvar outros homens, animais e toda a natureza, foram e serão sempre, para mim, uma inspiração e o garante de que existe um lado profundamente bom na humanidade.




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