PARA SEMPRE....

Olho, sem ver, o azul quente que me envolve, 
O  espelho d'água, frio, que corre indiferente.
Fixo-me na árvore ressequida e estéril.

Identifico-me.
Só, vertical e orgulhosa.

Quero arrancar, pedaço, a pedaço,
O meu coração dolorido.
Parar o tempo e o pensamento.
 
Partiste....
De todas as dores, 
A maior, foi não poder despedir-me de ti.
O nosso amor, nunca consumado,
Mantém-se virgem, puro, intangível.

Longos olhares, profundos, quentes,
Cheios de promessas, não cumpridas,
De palavras não ditas,
De dúvidas não esclarecidas,
De equívocos, para sempre,
Irremediavelmente, não desvendados.
Para sempre, perdidos no tempo.

Pouso o olhar, sem vida,
Na mariposa colorida.
Ah, pudesse eu voar...

Algo me agita, me atrai.
Uma força. Uma energia.
Desperta-me do marasmo.
Recupero meu corpo ausente.
Espreguiço-me e, finalmente,
Vejo seus olhos, quentes e mansos,
Que me fitam com doçura.
Ergo-me.
Caminho, suavemente,
Mas, determinada.
Sinto seu bafo que me aquece e envolve.
Aninho, no meu abraço, seu pescoço forte, robusto.
E sim, sinto-as agora, quentes, vivas e verdadeiras,
Escorrendo livres, queimando meu rosto.

Ganho impulso na pedra do caminho.
Monto seu dorso, forte e seguro.
Faço do seu longo pescoço a mais aconchegante almofada.
Escondo-me nas suas longas crinas
Que,  esvoaçando ao vento, afagam meu rosto.

Nossos corações batem num só compasso.
O tempo já não importa.
Os equívocos estão esclarecidos.
O Amor, intemporal, genuíno e único,
Como que se materializa.


Grossos pingos salgados,
De um mar selvagem e livre,
Salpicam meu rosto,
Unem-se às minhas lágrimas.

Sinto que seus passos, calmos e fortes,
Me devolvem a casa.
Terminou a nossa viagem. 
Mas, não findou o amor,
Eterno e imortal,
Para sempre, pairará no tempo.

Desmonto.
Afago-o.
Olho-o demoradamente.
Sinto seu olhar quente.
Que me inunda e me devolve à vida.

Afasta-se, lentamente. 
Pára, por um momento,
E olha-me demoradamente.
É um último olhar,
Daquele que usou o coração generoso,
Do mais belo e elegante ser da criação,
Para curar meu coração.

Parte, então, a galope.
Para sempre livre.
Para sempre meu.
Fotos de Photographer Wizard ( O olhar que ninguém vê)

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