OBRIGADA PELAS PULGAS

Estou a atravessar uma fase, na minha vida, cheia de trabalhos, atribulações e alguns problemas, mas que, felizmente, não são daqueles que adjectivo de muito graves.
Para abreviar, um dos problemas  prende-se com uma praga de lagartas, as quais, agora, já passaram à sua fase de borboletas.
Dizem que as borboletas trazem sorte. Não faço ideia se trazem, ou não, e como não sou supersticiosa, não costumo ligar a esse tipo de coisas. Mas, se trouxerem sorte, tanto melhor.
Acontece que fui passar o fim-de-semana na casa do monte e, hoje, o Pedro chamou-me para ir ver uma enorme borboleta que estava no nosso quarto. Ri-me, porque este monte não é local onde tenho a minha praga de borboletas e, portanto, mais parece que as ditas me andam a perseguir.
Ora esta história das borboletas, subitamente, fez-me recordar um livro que li há alguns anos, escrito por uma mulher que esteve prisioneira num campo concentração, no tempo do nazismo.
Contava ela que se encontravam, ela e a irmã, prisioneiras num campo de concentração, vivendo em barracões atulhados de gente, nas condições que são do conhecimento geral. Acontece que a certa altura apareceu uma praga de pulgas no barracão delas, o que ainda veio agravar mais a situação.
No dia do aparecimento da praga, a irmã, como era seu hábito, fez as orações noturnas. Ela tentava acompanhá-la, mas sentia-se demasiado revoltada, com a situação que estavam a viver, para o poder fazer com verdadeira devoção.
Mas, a sua revolta atingiu o auge quando, já no final das orações, a irmã fazia os agradecimentos a Deus e finalizou dizendo estas palavras " ...e meu Deus obrigada pelas pulgas". Foi impossível, para a nossa narradora, calar-se e irritada virou-se para irmã dizendo: Tu és maluca? Então ainda por cima agradeces as pulgas. Ao que a irmã respondeu: Deus sabe o que faz.  Quem sabe se as pulgas não nos vão trazer algo de bom.
E, efetivamente, assim foi. Durante o tempo em que a praga de pulgas permaneceu no barracão, as guardas alemãs deixaram de ir lá, possibilitando-lhes uma liberdade com tanto de inesperada, quanto de agradável.
Não me recordo do resto da história, verídica, contada por esta prisioneira, mas para sempre me ficaram na memória as Pulgas e a fé dessa mulher.
Pois é, quantas vezes olhamos para as coisas que nos acontecem como se fossem um mal e, afinal, elas são apenas um pequeno contratempo que nos permitirá alcançar um bem maior.
Nem sempre é fácil, mas desde que li esta autobiografia, procuro sempre lembrar-me de que devo agradecer, também, pelas "Pulgas".
Não se esqueçam. Agradeçam as vossas "Pulgas", nunca se sabe que coisas boas elas podem trazer-vos.

Comentários

  1. Então tá Tê. É bem isso mesmo...agradecermos por um tudo que nos acontece, mas não é fácil agradecermos pelas "pragas" que nos acomete exercendo a tal paciência e crendo que é para tempos melhores que logo chegarão...não é fácil!
    Beijuuss com o desejo que borboletas voem nos seus dias

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