A VERDADE


Monumento a Eça de Queirós no Largo Barão de Quintela
“Descendo pela Rua do Alecrim, em direcção ao rio, temos o Largo Barão de Quintela: um pequeno jardim com palmeiras e uma escultura em homenagem a Eça de Queiroz, obra em pedra, inaugurada em 1903, três anos depois da morte do escritor.
A produção do monumento a Eça de Queirós, no Largo do Barão de Quintela, coube a António Teixeira Lopes (1866-1942) e foi inaugurado em 1903. O escritor figura num excelente retrato realista, que capta bem a fragilidade do corpo e o requinte da atitude. Original solução iconográfica, dinâmica e elegante, esta obra representa bem o ideal de uma escultura, simultaneamente fiel à herança do modulado e das temáticas e à solicitação naturalista de um envolvimento com o tempo presente.
Concebida de acordo com os modelos do romantismo, apresenta a figura do escritor, acompanhado por uma representação alegórica da "verdade", através duma figura feminina. Explicitando a intenção temática, a legenda inscrita refere-se à actividade literária do escritor e ao seu modo de expressão: "sobre a nudez da Verdade o manto diáfano da Fantasia".
O conjunto escultórico insere-se na pequena praça fronteiriça ao Palácio Quintela e faz parte das memórias da cultura urbana do Chiado.” Inlisboa.com

"Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia", in  A Relíquia, Eça de Queirós

A verdade,
A verdade, é feita de matizes de cor,
Que variam do branco à ausência de cor.

A verdade,
A verdade, tantas vezes, dura e fria,
Como luz que encandeia e fere o olhar.

A verdade,
A verdade, tantas vezes, adoçada,
Tomada em doses frugais, 
Ou com recurso a placebos,
Que não curam, nem são letais.


A Verdade,
A verdade, pode sucumbir,
Pode ferir, pode matar,
Sob um manto, não diáfano,
Mas, antes, pesado e negro,
De maldade, ignorância
Ganância, hipocrisia
Ou irresponsabilidade.

Verdade ou Fantasia,
Sonho ou realidade,
Quantas são as facetas da vida?
Quantas as fugas e medos?
Exageros ou mediocridades? 



Mentira piedosa!!
Pode a verdade ser maldosa
E a mentira revelar bondade?

Porque a mentira, embora inconsequente,
Não é isenta de consequências.
E a verdade, por mais dura que seja,
Nunca deixa de ser autêntica.

Quando chega o momento,
Paramos no tempo,
Inspiramos profundamente,
E, num acto de coragem,
Encaramos o homem ou mulher
Que, intensamente, nos olha
Do outro lado do espelho.
E, se estivermos dispostos a arriscar,
Se for grande a vontade de saber,
Se tivermos um coração capaz de amar,
Se a alma ansiar pureza, 
Eles nos dirão a verdade,

Mas, na verdade,
O que é a verdade? 
Se ela é feita de todos os tons de cinzento,
De todas as cores do arco-íris,
De todas as formas de olhar.....?

Comentários