PERDA E MUDANÇA

FOTO DE O BOSQUE DE BERKANA
E, um dia, a vida, tal como a conhecemos, muda. Aquilo que era nosso e tínhamos como garantido,  escapa-se-nos por entre os dedos, como se de ínfimos grãos de areia se tratasse.
Espanto, revolta, incredulidade, dor, raiva, impotência, ou frustração, são as emoções ou sentimentos que nos atordoam, submergem e nos conduzem a comportamentos que variam entre a violência e o choro, a inação  e o excesso de energia.
Reagimos assim perante todas as perdas ou mudanças radicais que nos alteram a vida, de uma forma definitiva, que consideramos negativa. Reagimos assim à  morte, daqueles que amamos, às doenças ou acidentes graves, à traição ou ao abandono, ou à perda das condições de vida a que estávamos habituados.
Dizemos, repetidamente, "não pode ser verdade, isto não está a acontecer, não é justo" e todas as variações afins destas exclamações.
Procuramos culpados. Reivindicamos direitos. Acusamos. Chamamos estes e aqueles de burros, incompetentes, selvagens  ou oportunistas.
Mas, por vezes, as culpas não existem, ou pertencem a tantos, incluindo a nós próprios, de tal forma que a energia gasta no processo acusatório resume-se a um desgaste e perda de tempo inglória.
A única forma de sobreviver e viver para além desses acontecimentos extraordinários é, olhando-os de frente, reconstruir-nos e à nossa vida a partir daí. Buscando soluções, ideias, variações, seguindo em frente. Aceitando a mudança e procurando novos e melhores caminhos.
Existem impossíveis e limitações, mas o maior impossível, a maior limitação, é aquele que colocamos a nós próprios.
Quando os problemas atingem países ou comunidades, as maiores dificuldades não se encontram no problema, mas na falta de humanidade, de tolerância, de humildade, de cooperação e de amor entre os seus membros.
E, isso é o que é verdadeiramente triste e inaceitável.
Vivo agora num país dividido entre rancores, acusações, sarcasmos inconsequentes.  
Vejo gente que sofre e não vislumbra como poderá levar a sua vida para a frente.
E, vejo gente a incitar à violência, quem sabe à guerra.
Constato quão pouco evoluiu a humanidade, embora em cada dia que passa mais evolua a ciência e a tecnologia.  
E, este é o verdadeiro contra-senso, principalmente, porque vejo que os que mais clamam por justiça, são aqueles que menos são capazes de estender a mão para ajudar o vizinho do lado.

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