APRENDER A VIVER COM A ÍSIS

A Ísis já está em casa, faz hoje uma semana.  A pequena bebé que vi na foto, quando procurava anúncios de cães para adotar, é agora um novo membro na família.

Ìsis, muito bebé, no canil

Fomos buscá-la no sábado passado.  Estava no canil de Coruche,  rodeada de, talvez, perto de cinquenta outros cães, de todas as idades, tamanhos, raças ou misturas de raça. 
Medrosa, não se aproximou de nós, enquanto muitos outros pulavam para nós, felizes por verem caras novas, quem sabe, esperando que os levássemos dali. Ela manteve-se a uma distância considerável, certamente aquela que considerou de segurança.
A viagem até casa foi algo atribulada. A Ísis tremia nervosa, sem perceber bem o que lhe estava a acontecer. Enjoou no caminho, provavelmente terá sido a sua primeira viagem de automóvel. 
Em casa tivemos que a limpar toda, mas não lhe podemos dar banho porque vinha inçada de pulgas e carraças e o produto, para a livrar de tão desagradáveis companhias, não faria efeito se lhe déssemos banho.
Pouco tempo depois, partimos numa nova viagem.  Fomos até Santiago do Cacém, para comemorar os 60 anos da minha irmã.  A Ísis foi dentro da caixa de transporte, com um pano por cima para a impedir de ver movimentos, e, felizmente, assim já não enjoou.
Nova casa, novo ambiente. No dia seguinte, fomos passar o dia à Quinta. A Ísis fez questão de afirmar que não gostava de estar sozinha, através de ganidos estridentes, em diversas variações sonoras. 
 
Ísis na Quinta
À noite estávamos de regresso a casa e foi uma noite daquelas. Não dormiu, ganiu, ganiu, chamando por nós a noite inteira.  Manifestando que estar sozinha não é coisa de que goste. Afinal, bem ou mal, estava habituada a estar sempre acompanhada, ainda que alguns dos seus companheiros de cativeiro lhe tenham deixado múltiplas marcas, das quais se encontra agora quase sarada.
Ísis na sua nova cama
A Ísis adotou o meu filho, o Vasco, como seu dono principal e passou a dormir no quarto dele, para que haja paz cá em casa e no prédio, durante a noite.
Ela é meiga, demonstra grande inteligência, mas é  assustadiça, não gosta de ir à rua e é um pouco preguiçosa.

A vinda da Ísis para casa foi mais um elemento perturbador para a realização da minha dissertação, mas foi talvez o elemento que me fez perceber que não sou a super-mulher e que tenho que levar as coisas com mais calma. 
Para ensinar regras a um cão é preciso tempo, amor e paciência, pois eles fazem muitos disparates e levam algum tempo a compreender e a adaptar-se às regras, quer do que podem, ou não, roer, quer das necessidades fisiológicas. 
Da mesma forma, para conseguir conciliar vida familiar, profissional, social, de estudante, voluntariado, movimentos e blogs, é necessário amor e paixão, alguma calma, muita organização, estabelecer prioridades e, não menos importante, ter a consciência de que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo, precisamos ter horas para dormir e momentos de relaxamento total, sob pena de ficarmos soterrados em trabalho, tensão nervosa e sentimentos de culpa.
Os animais ensinam-nos muita coisa, porque eles são muito sábios e vivem de acordo com a natureza, não forçam os limites e não se culpabilizam, não tentam ser super-heróis.
Assim, estou aprendendo com a minha cadela. Não deixarei pelo meio a concretização dos meus objetivos, mas vou fazê-lo com mais calma, ao ritmo natural do corpo, do cérebro e do espírito. Certamente obterei melhores resultados e não destruirei a minha saúde, nem o meu equilíbrio mental e espiritual. 
Ísis dormindo na sala

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