O CLUBE DOS POETAS MORTOS

Hoje, revi, pela enésima, vez o Clube dos Poetas Mortos. Foi bom, faz parte da minha "terapia" de ter alguns momentos para mim, sem stress, sem culpa, sem tensão, apenas para descansar o corpo e espírito e recuperar a minha harmonia.
Revejo este filme sempre com prazer e aprendo coisas novas, ou melhor,  reaprendo ou recordo coisas velhas que são sempre atuais.
Um professor que ama o seu trabalho e "fura" as regras centenárias, ensinado jovens a aprender a pensar, a conhecerem-se a si próprios e a aprender.
Um bando de jovens com diferentes personalidades que começam a "descoberta" da vida. Uns têm a coragem de enfrentar o mundo e ser fieis a si próprios, outros, por medo, desistem de lutar por aquilo em que acreditam, outros, ainda, traem-se a si mesmos e aos amigos, vergados sob o peso das convenções, dos seus interesses mais imediatos, distorcendo a verdade e renegando as descobertas feitas, num caminho que escolhem não continuar.
Finalmente, um deles desiste de viver, sem coragem para enfrentar a família e o mundo, mas recusando não seguir aquilo que mais quer, prefere deixar a vida, deixando para os outros os problemas, a reflexão sobre os mesmos e as escolhas que cada ser humano tem que enfrentar ao longo da vida. Para o pai deixou, para sempre, a culpa, assumida ou não. 
Quando o pai diz ao filho que ele tem que aproveitar as oportunidades, que ele, pai, nunca teve e afirma que tem que fazer o curso de medicina, contrariando a vocação natural do filho para o teatro, baseando-se na "verdade incontestável" de que isso é o melhor para ele, está esquecendo o direito fundamental que cada ser humano tem de escolher o seu próprio caminho
Muitos pais ultrapassam e distorcem aquilo que deveria ser o seu papel. Todos nós, enquanto pais, queremos o melhor para os nossos filhos. Por isso mesmo damos-lhe amor, atenção, ensinamos-os a caminhar,  em todos os sentidos de caminhar, orientamos-os.
Nós, pais, somos a sua primeira referência e os principais transmissores de valores morais e sociais. A nossa responsabilidade é grande e, certamente, falhamos muitas vezes porque somos apenas humanos. Mas, nunca nos deveremos esquecer de que os nossos filhos não vieram ao mundo para realizar os objetivos que nós próprios não conseguimos atingir.
Não temos o direito, de forma alguma, de projectar os nossos desejos, frustrações ou ambições mais pessoais, nos nossos filhos.  Eles irão ter a sua própria vida e farão as suas escolhas. Nós apenas lhes podemos dar os valores, os instrumentos e o amor, na esperança de que as suas escolhas, na maioria das vezes, sejam as melhores.
No fundo, neste excelente filme, estão retratados todos, ou quase todos, os tipos de pessoas que existem. Retrata a resistência à mudança, aquilo que as pessoas fazem, por viverem agrilhoadas às convenções ou a um senso comum que, muitas vezes, não tem nada de sensato, e a forma como se comportam perante a vida e os outros. Retrata a coragem e a falta dela; a lealdade e a traição; a amizade e as convenções; etc.
Fala-nos também daquele que é um dos principais "controladores" da vida em sociedade, chama-se Poder, e, infelizmente, na esmagadora maioria das vezes, as relações entre as pessoas, sejam de que tipo forem, são relações de poder.

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