Frio

Gélido o ar,
Tolhe-me os movimentos,
Enchendo-me de solidão e inércia.
O coração bate devagar,
Numa cadência surda e regular.
O Inverno, frio, paira em meu redor,
Como um fantasma,
Exalando um vapor turvo,
De odor acre e amargo.

Os ramos das árvores,
Fustigados pelo vento,
Lembram braços erguidos para céu,
Em desvairado desespero.
A chuva fria agride os transeuntes
Que, pálidos, desafiam os elementos,
Na derradeira tentativa de encontrarem abrigo.

A Terra rebela-se,
Enchendo os campos de verde.
Chama-me em voz ténue,
Procurando resgatar-me da depressão
E da impotência.

O frio não enrija,
Apenas me endurece os músculos,
Tolhidos de frio,
Abrindo sulcos secos e agrestes
Na pele que estala como uma carcaça.

Confronto-me com a minha pequenez...
Com a minha incapacidade para,
Mau grado todos os esforços,
Toda a minha dedicação,
Mudar o pequeno Mundo...
Ser uma Voz...
Fazer  a diferença...

Entorpecida,
Minha alma gela na indiferença,
Como árvore destruída,
Arrancada pelas raízes...



Comentários

Enviar um comentário

Vou adorar ler os seus comentários....
Concorde, discorde, dê a sua opinião...
Volte sempre.
Bem-haja pela sua visita