“Que todos aqueles que veerem a essa feyra per razom
de vender ou de comprar sejam seguros d'ida e de vynda que nom sejam penhorados
en meu reyno por nenhũua divyda que devam en aqueles dias en que durar essa
feyra nem en dous dias que veerem primeyros des que sayr essa feyra senom por
aquelas dividas que forem feytas em essa feyra. “ (Excerto de Carta de Feira – Reinado de D. Diniz)
Uma
Feira é um evento realizado num local
público, em dias e épocas específicas, no qual as pessoas expõem e vendem
mercadorias e/ou serviços.
Não se sabe ao
certo onde ou quando foi realizada a primeira feira da História, Contudo,
existem indícios de que em 500 a.C. já se realizava essa atividade no Médio
Oriente, nomeadamente na cidade-estado Fenícia de Tiro.
As feiras da Idade
Antiga e da Idade Média estavam quase sempre relacionadas com as festividades
religiosas e os dias santos. Nelas se reuniam mercadores de terras distantes,
trazendo os seus produtos autóctones para troca por outros.
A etimologia da
palavra "feira" revela a interligação entre a religião e o comércio.
A palavra latina feria, que significa "dia santo ou feriado", deu
origem à portuguesa "feira", à espanhola feria e à inglesa fair.
A partir de fins
do século XI, em plena crise do feudalismo, a proliferação das feiras medievais
é coincidente com o ressurgimento do comércio na Europa, associando-se à
afirmação do poder régio e à emergência dos burgos e da burguesia, enquanto classe
social.
Também a
reabertura do Mar Mediterrâneo, a partir das Cruzadas, permitiu que os europeus passassem
a ter um maior contacto com o Oriente, de onde chegavam mercadorias raras e
exóticas.
Este período foi
denominado de Renascimento Comercial, uma vez que os produtos eram vendidos nas
feiras, em cidades que então "renasciam". Estas foram chamadas de
"burgos", em virtude de seus muros fortificados, e os seus habitantes
de "burgueses", termo que posteriormente se aplicaria especificamente
aos comerciantes enriquecidos com a sua prática.
Este
Renascimento conduziu, também, ao ressurgimento da utilização da moeda, prática
que havia desaparecido quase totalmente nos séculos anteriores e ao surgimento
dos bancos e do câmbio.
Durante a
realização das feiras medievais, interrompiam-se guerras e guardas vigiavam
todo o perímetro do local do evento, de modo a evitar que algum desordeiro
pudesse causar incómodos. Assim, a paz era garantida para que mercadores e
compradores pudessem realizar as suas transações comerciais em segurança.
Os saltimbancos
e outros artistas de rua aproveitavam estes eventos para mostrar as suas habilidades,
divertindo e apelando à generosidade da população que afluía a esses eventos,
quer para comerciar, quer para simplesmente se distrair.
As feiras
medievais instalavam-se em locais estratégicos, como povoações em crescimento,
ou no cruzamento de rotas comerciais. Algumas chegaram mesmo a ter abrangência
internacional.
As feiras em Portugal
O
crescimento económico e demográfico dos séculos XII e XIII, no território que
viria a constituir Portugal, permitiu a criação de excedentes, que eram objeto
de escoamento nos mercados e feiras.
A sua
importância económica é inquestionável, testemunhando-o a proteção dispensada
às mesmas pelos sucessivos monarcas, que concediam privilégios, na vinda e na
ida, aos mercadores que a elas acorressem.
No
território português, a feira mais antiga que se conhece é a de Ponte de Lima,
instituída em 1125, seguida, ainda no século XII, pelas feiras de Melgaço e de Constantim
de Panóias (concelho de Vila Real).
Posteriormente, nos inícios do século XIII,
foram instituídas as feiras de Vila Nova de Famalicão e Castelo Mendo (concelho
de Almeida). Esta última encontra-se estipulada em sua Carta de Foral, passada
por Sancho II de Portugal (1223-1248) em Vila do Touro, a 15 de Março de 1229,
com indicação de que será realizada por oito dias, três vezes por ano: na
Páscoa, no São João e no São Miguel. Todos os mercadores que nela participassem, tanto
nacionais como estrangeiros, teriam segurança contra qualquer responsabilidade
civil ou criminal que pesasse sobre eles.
A partir do
reinado de Afonso III de Portugal (1248-1279)
multiplicou-se o número das feiras no reino e ampliaram-se as garantias e os
privilégios jurídicos concedidos aos feirantes.
O fomento do
comércio interno, por meio da instituição de feiras, teve como consequência o
aumento populacional de determinadas zonas, até então pouco povoadas, para além
de aumentar os rendimentos da Coroa.
Entre os privilégios que mais favoreceram
o desenvolvimento das feiras portuguesas destaca-se aquele que isentava os
feirantes do pagamento de direitos fiscais, nomeadamente portagens e que
caracterizava as chamadas "feiras francas".
As Guerras
com Castela, a Crise de 1383-1385 e os Descobrimentos tiveram um impacto
negativo nas feiras, em Portugal, contudo, apesar de todas as vicissitudes,
algumas feiras tradicionais sobreviveram até os nossos dias, como é o caso da
feira de Espinho, às segundas-feiras; da feira dos Carvalhos, às quartas; ou da
feira da Senhora da Hora aos sábados e muitas outras surgiram posteriormente,
muitas delas vocacionadas especificamente para determinados setores. (fonte
wikipédia)
As Feiras estiveram, portanto, associadas a comércio, divertimento, progresso e a paz e, do meu ponto de vista, estarão sempre.
Pelo
que a Feira da minha terra será, também ela, entre outras coisas, uma
fonte de progresso económico e de partilha de conhecimento.
SANTIAGRO -
Feira agropecuária de Santiago do Cacém
Certame dedicado
à agropecuária, tendo o cavalo como grande atração. Durante a feira, que tem a
duração de três dias, são realizados concursos de cavalos, provas de
equitação, concursos e leilões de gado bovino e suíno e outros eventos.
Integrado na Santiagro, terá lugar um Workshop - Mesa Redonda dedicado ao Futuro do Montado no Litoral Alentejano.
Neste
Workshop irão participar diversos oradores, relacionados de diferentes
formas com o montado de sobro, o sobreiro e a cortiça, procurando dar
uma visão alargada das várias vertentes deste tema, desde a conservação,
desenvolvimento e proteção do montado, passando pela investigação,
biodiversidade e manutenção do ecossistema, até à comercialização da
cortiça e às suas aplicações e produtos.
Uma postagem interessantíssima para mim, que amo feiras!
ResponderEliminar