VIVER NO CAMPO

Quando eu era miúda, passava no, então único, canal da televisão portuguesa, uma série humorística, americana, no original "Green Acres", traduzido para português como "Viver no Campo".
Já não me lembro bem das histórias dos episódios, mas, basicamente, sei que a história era acerca de um casal citadino que decidira ir viver para o campo.
Eva Gabor, a protagonista, movimentava-se no meio das árvores, plantas e animais, vestida com trajes vaporosos, cheios de plumas, pompons, torcidos e tremidos.
As cenas eram hilariantes, quer pela adaptação de  Eva à vida no campo, quer pelas características dos habitantes da aldeia, pena serem rematadas por aquelas irritantes gargalhadas, que os americanos têm a mania de pôr, como fundo "musical", nas séries de humor.
Este fim-de-semana, lembrei-me de "Viver no Campo" porque, mais uma vez, fui para o monte.  Acontece que não temos lá eletricidade, pelo que utilizamos um gerador para fazer as mesmas funções. 
O nosso gerador é peça única, pois foi imaginado e feito por um engenhocas e tem a particularidade de poder estar permanentemente ligado, pois, graças a um sistema inventado pelo dito engenhocas, acumula energia e só trabalha de tempos a tempos, quando precisa de mais energia. Pelo que nos é possível ter luz e utilizar todos os equipamentos 24h sobre 24h horas.
Ora o nosso querido e estimado gerador avariou-se e, desgraça das desgraças, desconhecemos o paradeiro do engenhocas que o inventou, pelo que não sabemos se terá concerto.
Assim, este fim-de-semana, fomos obrigados a recorrer  a um velhinho gerador, muito ruidoso, para poder ter luz e tomar café ou ver televisão. Acontece que o dito cujo não pode estar muito tempo ligado, pois vai aquecendo cada vez mais e, às tantas, as peças começam a ficar ao rubro. Pelo que passámos dois dias no campo à moda antiga, isto é,  à luz das velas e de lanternas.
Estas são algumas das vicissitudes da vida rural.... É dispendioso colocar eletricidade no monte, mas penso que, dentro em breve, teremos que equacionar seriamente essa possibilidade. 
Afinal, viver no campo é giro, mas, contrariamente a quando era criança e que não me fazia diferença nenhuma não ter eletricidade ou televisão no monte, servindo perfeitamente, para nos iluminar, os candeeiros a petróleo, os petromax, ou as velas, hoje já se torna incómodo a sua falta. Até porque a maioria dos equipamentos, de que dependemos, necessitam dela para funcionar, nomeadamente os nossos inseparáveis computadores e telemóveis.
Mas, a falta de eletricidade tem vantagens. O céu fica mais estrelado, o luar tem mais luz, as conversas são mais prolongadas e calmas e o silêncio é apenas quebrado pelos sons campestres.


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