Quem disse que o
Reino Unido é um país cinzento e sombrio e que Londres é a cidade do fog?
Na
segunda semana de Junho, comecei o fim-de-semana mais cedo e voei para as
terras de Sua Majestade. Este era um projeto já velho que, por uma razão ou por
outra, foi sempre ficando adiado.
Mas,
o homem põe e Deus dispõe. Em menos de três meses a minha vida mudou
completamente. Subitamente, um dos meus filhos voou, literalmente, do ninho e
eu não podia deixar de ir ver se ele fora bem recebido, estava bem acomodado e
se se estava a adaptar bem a tão grande mudança de vida.
Assim,
partimos, eu e o meu marido, na sexta-feira, cerca do meio-dia, do Aeroporto da
Portela com destino ao Aeroporto de Stansted, Londres, num avião da empresa em
que o meu filho é agora funcionário.
A viagem foi rápida
e agradável. A maior parte do tempo foi-nos possível ir vendo a
paisagem que sobrevoávamos (como tudo parece tão diferente visto
daquela perspetiva).
À chegada, fomos
recebidos por um sol sorridente e uma temperatura amena. Então liguei para o
Brian que se apressou a ir buscar-nos.
Perguntarão vocês,
mas quem é o Brian?
Bem, para lhes
explicar quem é o Brian terei que recuar um bocadinho no tempo e voltar às
últimas semanas em que o meu filho esteve no Porto a fazer a formação de cabin
crew.
Logo que, perante os
resultados positivos do Vasco nos diferentes testes, começámos a ficar mais
confiantes de que seria bem sucedido e portanto colocado em Londres, comecei a
procurar um local onde ele e alguns colegas mais chegados se pudessem instalar.
As buscas na
internet passaram a ocupar todos os meus tempos livres e não só. Eles queriam
alugar uma casa, o mais próximo possível do Aeroporto, onde pudessem ficar
alojados pelo menos três deles.
Mas, não é fácil, ou
é mesmo quase impossível, alugar quartos à distância, principalmente para
estrangeiros que não estão nada familiarizados com o país, as suas leis e
costumes.
No meio dessas
buscas, fui começando a conhecer aquela zona rural do Reino Unido, a qual faz
parte ainda da "grande Londres", e fui também começando a fazer os
primeiros contactos com as gentes locais, através de diversos telefonemas.
Cedo percebi que
seria impossível alugar casa ou quartos a esta distância e que o melhor mesmo
seria tentar acomodá-los, nos primeiros dias, num qualquer hotel. E, é
exatamente aqui que entra o Brian.
Quando já
desesperava de conseguir um quarto que fosse, a um preço razoável, pois, de
momento a momento, os hotéis iam ficando sem vagas, liguei para uma casa de turismo, não sei bem como classificá-lo, se turismo de habitação,
turismo rural ou pequena pousada, e atendeu-me o Brian. Subitamente, todos os
problemas pareciam ter ficado solucionados.
A forma calorosa,
simpática e prestável como este me atendeu, permitiu-me de novo sorrir e
respirar de alívio. Pelo menos no primeiros dias, todos teriam alojamento, com pequeno-almoço
e além disso o Brian disponibilizou-se para, se lhe fosse possível, ir
buscá-los ao Aeroporto.
Assim, o Brian foi o
primeiro grande raio de sol que recebi daquele país que me "roubou" o
meu filho.
Mas, ainda não era
passada uma semana, sobre a sua chegada, já o Vasco se tinha mudado para
um quarto que alugou, por sinal bem pequeno, mas a um preço bastante razoável e
numa casa com todas as comodidades, incluindo acesso à internet.
Pois é, de facto, o
Vasco é meu filho, como tal não consegue ficar parado, até ter tratado de todas
as coisas essenciais. O stress e a ansiedade dão-lhe a energia para "romper"
com tudo. De tal forma que, para além do quarto e dos utensílios e roupas de
casa, já tinha conta bancária, telemóvel inglês e estava a frequentar um
ginásio.
Desde o momento em que
soube que o Vasco iria mesmo para o Reino Unido e em que data, decidi que
iria lá, logo, no fim-de-semana seguinte, pelo que, obviamente, reservei um
quarto para nós na Casa do Brian.
Somos assim chegados
às terras de "Sua Majestade". O alojamento é bonito e agradável e o
impagável Brian oferece-se para nos levar à pequena cidade, onde agora o meu
filho reside, Bishop’s Stortford, logo que estejamos instalados, pois este
"hotel" fica um pouco afastado.
Já em Bishop, vamos
ao encontro do meu filho e de alguns colegas.
Depois dirigimo-nos à sua
nova casa, passeando a pé pela cidade. É uma casa simpática e funcional, onde
vive, também, um casal de portugueses, nortenhos, e um inglês.
O quarto do Vasco é,
de facto, pequeno, mas ele não se sente incomodado e a renda é bastante em
conta.
Mais um passeio pela
cidade e vamos jantar os quatro, - eu, o meu marido, o meu filho e um
colega / amigo dele - a um simpático bar, tipicamente inglês, onde também
servem refeições. Para nosso espanto, pois a cozinha inglesa não tem uma fama
muito boa, a comida era excelente, em boa quantidade e...., mais extraordinário
ainda, barata. Ali, duas pessoas podem comer bem apenas por 9,00£ (cerca de
11€), excluindo bebidas e sobremesas.
Em seguida, fomos
beber um café numa esplanada, ao ar livre. O café era bom, a temperatura estava
agradável e a conversa excelente, rematada por constantes gargalhadas.
Não posso deixar de
referir a simpatia e amabilidade dos funcionários do bar e da esplanada.
Aliás, a simpatia e amabilidade, dos locais, foi uma constante durante a nossa
estadia no Reino Unido.
Sábado de manhã, o
dia nasceu um pouco cinzento, tinham feito, até, um aviso de possível
tempestade.
O Brian levou-nos de
novo a Bishop, à Estação de Comboios, no meio de uma grande chuvada. Metemo-nos,
não tão cedo como desejaríamos, pois o Vasco tinha alguns assuntos a tratar, no
comboio com destino Londres.
Depois, já de
metropolitano, fomos transportados até à Estação de Victória. Mesmo em frente à
saída da estação, um quiosque vendia bilhetes para o “tour de Londres”, de
autocarro.
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Victória |
O sol já brilhava e
assim se manteve pelo resto do dia, o qual foi passado no segundo andar
de diversos autocarros “descapotáveis”. Alguns passeios a pé e até uma viagem
de barco.
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A Guarda da Rainha- apareceu de propósito para nós...!!!!! |
Não tivemos tempo
para visitar quase nada, mas conseguimos ficar com uma ideia bastante nítida da
dimensão, da extraordinariamente populosa Londres, da sua beleza e harmonia arquitetónica,
dos seus locais importante e/ ou históricos mais interessantes.
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Trafalgar Square Trafalgar Square é uma praça no centro de Londres que celebra a Batalha de Trafalgar (1805), uma vitória da Marinha Real Britânica nas Guerras Napoleónicas. O nome original, na verdade, era para ser "King William the Fourth's Square", em homenagem ao rei Guilherme IV, porém George Ledwell Taylor sugeriu o nome Trafalgar Square. A praça tem em seu centro uma coluna encimada pela Coluna de Nelson, em homenagem ao Almirante Nelson, que liderou a Royal Navy na costa de Cádis, Espanha. — em London, United Kingdom. |
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A Ponte de Londres "London Bridge" é uma ponte em Londres (Inglaterra) que cruza o rio Tamisa, entre a City e Southwark. Situa-se entre as pontes Cannon Street Railway e Tower Bridge. A ponte original foi uma das mais famosas do mundo: era a única ponte que cruzava o Tamisa em Londres até que se inaugurou a Ponte de Westminster em 1750. — em London, United Kingdom. |
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Passeio de Barco no Thames - Tamisa (em inglês: River Thames) é um rio do sul da Inglaterra que banha Oxford e Londres e desagua no mar do Norte. Com 346 km de extensão, nasce perto da aldeia de Kemble na região de Cotswolds e atravessa Oxford, Wallingford, Reading, Henley-on-Thames, Marlow, Maidenhead, Eton, Windsor e Londres . — em London, United Kingdom. |
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Big Ben é o nome do relógio / sino, que foi instalado no Palácio de Westminster durante a gestão de Sir Benjamin Hall, ministro de Obras Públicas da Inglaterra, em 1859. Por ser um sujeito alto e corpulento, Benjamin tinha a alcunha de Big Ben. — em London, United Kingdom. |
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Palácio de Westminster, também conhecido como Casas do Parlamento, (em inglês Houses of Parliament) é o palácio londrino onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem Norte do Rio Tamisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall — London, United Kingdom. |
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Palácio de Westminster, também conhecido como Casas do Parlamento, (em inglês Houses of Parliament) é o palácio londrino onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem Norte do Rio Tamisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall — London, United Kingdom. |
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Igreja do Colegiado de São Pedro em Westminster mais conhecida como Abadia de Westminster (em inglês:Westminster Abbey) é uma grande igreja em estilo gótico na Cidade de Westminster, sendo considerada a igreja mais importante de Londres e, algumas vezes, de toda a Inglaterra. É famosa mundialmente por ser o local de coroação do Monarca do Reino Unido. Entre 1546 e 1556 obteve estatuto de Catedral e atualmente é uma Royal Peculiar. — em London, United Kingdom. |
Chegámos a Bishop
cerca das nove da noite, pelo que não pudemos ir jantar ao nosso bar de “estimação”
e regressámos ao hotel ainda cedo, pois o Vasco tinha um voo às 5h da manhã.
Domingo era o nosso
último dia, aproveitámos a manhã para passear e ver à luz do sol aquela
simpática e pequena cidade, agora “lar” do meu filho”.
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St Michael's Church — em Bishop's Stortford. |
Subimos a Rua da Igreja e deparamo-nos com uma bonita e antiga igreja Anglicana. Estava na hora
da missa, pelo que andámos a passear pelo “cemitério”, uma série de campas com
mais de duzentos anos que envolvem a igreja.
No fim da Missa,
dirigimo-nos à porta da Igreja, onde se encontrava o Reverendo cumprimentando
os fiéis que saiam. Perguntei-lhe se podíamos visitar a igreja e ele,
sorridente, disse-me que sim.
Lá dentro havia
muita luz, cheirava a incenso e todos falavam uns com os outros, riam, alguns
cumprimentando-se ou, mesmo, abraçando-se.
Conforme íamos vagueando pela igreja
as pessoas sorriam-nos e cumprimentavam-nos, como se há muito fizéssemos parte
daquela comunidade, daquela “família”.
Ali, mais do que
nunca, senti o espírito Cristão e comprovei a pouca ou nenhuma importância do
ramo do Cristianismo a que se pertence.
Nesse momento, senti
que a paz me invadia, o meu filho encontrava-se num lugar seguro e agradável
para se viver. Os mais de 2.000Km que nos separam pareceram diluir-se na
fraternidade humana.
Não sei se me fica
bem dizer, mas, contrariamente ao que esperava, fiquei apaixonada pelo Reino
Unido, por Londres e Bishop, pela forma de vida dos ingleses, pela sua simpatia
e afabilidade.
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Casa típica — em Bishop's Stortford. |
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Bishop's Stortford is a historic market town and civil parish in the district of East Hertfordshire in the county of Hertfordshire in England. It is situated just west of the M11 motorway, on the county boundary with Essex, and is the closest large town to London Stansted Airport and part of the London commuter belt. Bishop's Stortford is 27 miles (43 km)[1] north east of Charing Cross in the centre of London and 35 miles (56 km) from Liverpool Street station where the railway line from Cambridge to London, which runs through the town, terminates. The town has a population of 38,202. — em Bishop's Stortford. |
Demos mais uma volta
pela cidade e, entretanto, fez-se hora do almoço. Fomos despedir-nos do “nosso”
bar.
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O último almoço em terras de Sua Majestade, num bar simpático e onde comemos muito bem. Quem disse que no UK se come mal e caro? Eu até trouxe uns quilinhos, muito pouco simpáticos, a mais. Comemos bem e barato mesmo para as carteiras portuguesas. — em Bishop's Stortford. |
Dentro em breve, seria
hora de ir para o Aeroporto. O Brian veio buscar-nos e levou-nos até lá.
Entretanto o meu filho chegou dos voos do dia, bem ensonado e cansado depois de
cerca de 12h de voos, e esteve à conversa connosco na esplanada.
O sol continuava a
sorrir, a temperatura continuava amena, mas era hora de nos dirigirmos à sala
de embarque.
Vagueámos um pouco
pela Freeshop. Subitamente olhei para o relógio e constatei que faltavam apenas
5mn para a porta de embarque fechar.
Corremos feitos
loucos pelo aeroporto fora, com as bagagens de cabina a agredirem-nos
violentamente, incomodadas com a nossa correria, A porta de embarque parecia
ficar nos confins do mundo. Subimos e descemos escadas, atravessámos
corredores, fizemos curvas em cotovelo, de língua de fora e sob a visão
ameaçadora do anúncio, a letras vermelhas,. de porta de embarque encerrada. Sempre
que pensávamos que já estávamos quase lá, deparávamo-nos com nova porta, novo
corredor, nova escadaria, como se vivêssemos dentro de um daqueles sonhos em
que não nos conseguimos quase mexer e em que todos os movimentos parecem extraordinariamente
difíceis, pesados e vagarosos.
Finalmente, tínhamos
a porte de embarque à vista. Um último passageiro, retardatário, entregava o
bilhete à Hospedeira. O meu marido estava quase lá. Mas, os 50 ou 80 metros que
me separavam deles pareceram-me uma distância intransponível.
A arfar, quase de
rastos, cheguei, finalmente. A Hospedeira sorriu em sinal de compreensão.
Transpusemos aquele “obstáculo”
e começamos a rir, quase descontroladamente. Já é a segunda vez que fazemos uma
brincadeira destas, embora cheguemos “quase de véspera” ao Aeroporto.
Na verdade, foi
apenas uma última emoção e são elas que dão aquele toque especial à vida.
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