EQUÍLIBRIO


Já reparam como é difícil manter o equilíbrio?
Dos problemas mais complexos aos mais simples e corriqueiros, a nossa vida passa-se entre lutas, desafios e desencontros.
Diariamente confrontamo-nos com as mais diversas situações, sejam elas relacionadas com a saúde, o emprego, as finanças, os filhos, a família, os amigos ou os relacionamentos amorosos, ou ainda com os  problemas domésticos de máquinas que se avariam ou canalizações que se entopem, as intermináveis filas de trânsito que nos atrasam e desesperam, ou os quilinhos a mais que, por vezes, nos deixam lavadas em lágrimas, sentindo-nos as criaturas mais infelizes do mundo.  
A maioria dos nossos problemas acaba por se resolver, de uma maneira ou de outra, ainda que alguns deles pareçam ter tendência para se eternizar, acompanhando-nos ao longo da maior parte da nossa vida.
Mas, o que verdadeiramente dificulta que mantenhamos o equilíbrio é essa estranha e desconcertante tendência que a vida tem para que logo que conseguimos resolver uma situação, assim que pensamos que temos tudo organizado e controlado, ainda mal acabamos de respirar fundo, logo aparece outra perturbação ou problema.
Independentemente da complexidade da situação ou da dor que nos pode causar, o nosso frágil equilíbrio psíquico e emocional está continuamente a ser testado. A nossa resistência e capacidade de tomar decisões ou engendrar soluções são postas à prova diariamente. 
No fundo, a nossa vida é muito semelhante à vida doméstica. Logo que acabamos de limpar a casa, é hora de fazer o almoço, em seguida haverá pratos e tachos para lavar, o fogão para limpar, o chão varrer. A cozinha ficou um brinco, mas agora é hora de reabastecer a despensa, levar o cão à rua e pensar no que se há-de fazer para o jantar. Quando finalmente se chega ao fim do dia e tudo está arrumado, é hora de ir deitar e desfazer a cama que, com tanto esmero, fizemos de manhã. E, se não houver percalços durante a noite, no dia seguinte começa tudo de novo, numa interminável repetição movimentos, limpezas, arrumações e decisões.
Não podemos decidir deixar de labutar, da mesma forma que não devemos desistir de viver. Mas, a luta constante gera cansaço, nervoso, irritação e, quantas vezes, desalento e depressão.
O equilíbrio é frágil. É constantemente ameaçado, mas, também, continuamente reforçado. 
Na verdade, a nossa grande vitória é conseguir mantermo-nos à tona.


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