INSANA DEMÊNCIA

Paixões fortes,
Imensas,
Tresloucadas,
Grandiosas
Invadem-me,
Tomam-me por inteiro,
Alma, corpo, mente e coração.
Lanço-me, 
Em irrequieto frenesim,
Em obsessiva demanda,
Do imenso  penhasco dos riscos não calculados,
Sem travão, paraquedas ou seguro contra fracassos, batalhas perdidas ou corações partidos.
Imparáveis, elas chegam e partem,
Sem tréguas ou explicação.
Empunho a lança,
Esqueço elmo,  escudo e   armadura,
E parto em busca do meu cálice sagrado.

Concebida nas malhas dos amores eternos,
Desabrochei menina de coração alado,
Voando, feita borboleta enlouquecida, 
Atraída pela chama enganadora da mais vulgar lamparina.
Estremeço, vibro, ardo.
Chamusco minhas asas, 
Mas, qual fénix renascida,
Voo, de novo, em voo picado, em direção ao abismo.
Sempre, uma e outra e outra vez, numa série infindável, infinda.

Paixões imensas
Transportam-me à insana demência
E, paradoxalmente,
À gloriosa clarividência.
Onde tudo é simples, claro e evidente,
Passado, presente e futuro,
E onde  enxergo as almas dos homens à transparência.

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