À Flor da Pele


A pele,  que nos envolve e protege, é o maior órgão do nosso corpo e tem inúmeras funções e uma larga maioria dos nossos estados de corpo e de alma refletem-se nela.
Se tivermos frio ou febre arrepiamo-nos, mas também nos podemos arrepiar por medo, por aversão ou repugnância, por alguém ou alguma coisa, e também com uma música, que nos toca particularmente, ou com o mais suave contacto com a pele de alguém, por quem estejamos apaixonados.
Os brasileiros têm uma expressão muito elucidativa, que há muito adotei, quando falam acerca de um relacionamento amoroso. Dizem eles que "tem que ter pele", ou seja, é preciso que o toque do outro nos faça vibrar, para que a relação possa funcionar
Quando estamos doentes empalidecemos ou tomamos um tom amarelado, esverdeado ou mesmo arroxeado.
Se nos sentimos envergonhados o emocionados a nossa face ruboriza-se.  
Também quando estamos tristes, infelizes ou cansados a pele perde o brilho habitual.
Daí dizermos de alguém, que se melindra ou emociona com facilidade, que tem a sensibilidade à flor da pele, como se, por um passe de mágica, os sentimentos e as emoções se encontrassem algures entre a derme e a epiderme.
Mas, na verdade, existe na pele uma enorme quantidade de terminações nervosas, o que explica a razão pela qual "sentimos" tantas coisas na pele. Ela é por excelência sensitiva.
A nossa vida é dirigida, condicionada e recheada de sensações, sentimentos, impulsos, pensamentos e ações. Tudo, ou quase tudo, que nela se passa, pode ser explicado através dos processos eletroquímicos que se passam dentro de nós e à nossa volta, ainda que nem todos possam, ainda, ser analisados, quantificados ou explicados pela ciência.
Quais borboletas, também nós nos metamorfoseamos, das mais diversas formas, em diferentes etapas da vida, pelas mais variadas razões.
A paixão, o amor, o sofrimento, as humilhações e as mais diversas ambições e desejos são os motores das nossas grandes metamorfoses.
Para que se dê a metamorfose é necessária uma enorme quantidade de energia e nós, como de resto tudo o que se encontra no Universo, somos feitos de energia.
Somos pequenos pontos brilhantes e vibrantes, dentro dos quais ocorrem pequenos e grandes big bangs transformadores.
O reiki, tal como a larga maioria das terapias e medicinas orientais, baseia-se na captação ou manipulação dessa energia universal, da qual também fazemos parte integrante, para a manutenção da saúde mental, espiritual, emocional e física.
De acordo com os princípios do reiki, todos podemos ser curadores, de nós próprios e dos outros, porque todos nós temos capacidade para canalizar a energia universal, por forma a manter a harmonia dentro de nós próprios e em tudo e todos os que nos rodeiam.
Cada um de nós é um pequeno ponto brilhante, repleto de energia, pairando no imenso Universo e, simultaneamente, fazendo parte dele.
Brilhamos de paz e de paixão, mas o nosso brilho pode esmorecer, escurecer ou tornar-se, virtualmente, inexistente.
Sinto que, hoje, o meu brilho empalidece e tremeluz.
A minha impotência, perante o sofrimento, a dor, o medo ou alienação daqueles que me são próximos e a quem quero bem, rouba-me o brilho.
A ausência de controlo, sobre os meus próprios pensamentos, sentimentos e paixões, faz-me tremeluzir, retirando-me a constância.
Nem essa poderosa energia do Universo parece ter poder para evitar que o meu brilho esmoreça.
Serei de novo crisálida, mas temo que me faltem as forças para me libertar do casulo e sofrer a dolorosa transformação.
Sinto tudo à flor da pele. 
O mais doce e suave bater de asas de uma frágil borboleta, sinto-o, agora, como se tratasse de um imenso cataclismo, com poder para implodir o Universo.

Comentários