Ah....o Amor

O Amor é um chato.... Mas quem pode viver sem ele?
O Amor é exigente, mesmo sem pedir nada.
Recentemente, li algures o desabafo de uma jovem mulher. Dizia ela que não há homens bons.
Há tempos, conversando com um rapaz, na casa dos 20, perguntava-me ele como poderia entender as mulheres, pois, por mais que fizesse, parecia que nunca lhes conseguia agradar.
Pois é, tantas vezes falhamos no amor, principalmente porque lhe atribuímos funções que ele não pode ter.
O Amor romântico não é incondicional, como o amor dos pais pelos filhos, mas pode perdurar ao longo de uma vida.
Mas, por mais que alguém nos ame. não nos pode restituir o amor-próprio, que perdemos algures no tempo, anular as nossas inseguranças, apagar as nossas frustrações, eliminar os nossos medos ou clarificar as confusões da nossa mente, pois esses são processos interiores que só cada um de nós pode fazer, no lugar mais solitário do mundo, ou seja, dentro de nós próprios.
O Amor romântico é, muitas vezes, confundido com a paixão, a dependência, a necessidade de atenção, o medo da solidão.
De uma grande paixão pode nascer um grande amor, mas também pode não passar de um fogo fátuo que se extingue quando a visão, a voz ou pensar no outro já não causa borboletas no estômago, nem batimentos cardíacos acelerados.
O "fruto proibido" pode gerar emoções e sentimentos violentos, os quais podem confundir-se com o amor, mas, grande parte das vezes, não passa de amor-paixão e não perdura no tempo.
Os sex symbol mediáticos, atores, músicos e cantores ou desportistas, ou mesmo os de "trazer por casa", leia-se, os/as membros dos grupos de amigos ou colegas mais giros, da escola ou do trabalho, podem tornar-se no "objeto" do desejo ou do amor de muitos/as, mas, na verdade, na grande maioria dos casos, isso não passa de um certo tipo de amor platónico ou de um devaneio provocado pela popularidade do outro. De facto, a pessoa como que se projeta no sucesso ou glamour da outra, ansiando tornar-se parte integrante desse sonho de suposta grandeza, ainda que só conheça o outro de forma muito superficial ou mesmo à distância. 
O Amor que une casais durante anos, ou uma vida, é um amor posto à prova. Pode, numa primeira fase, ser um amor-paixão, Mas, inexoravelmente, a paixão esmorece ao fim de algum tempo.
Então de que se alimenta esse amor dos casais felizes? Alimenta-se dele próprio, nas suas diferentes facetas. Amor-amor, amor-respeito, amor-companheirismo, amor-cumplicidade, amor-entreajuda, amor-projetos, amor-amizade, amor-carinho, amor-sensualidade, amor-sexualidade, amor-filhos, amor-proteção, amor-companhia, amor-tolerância, amor-perdão, amor-viagens e passeios, amor-descobertas, amor-inesperados e quebras de rotina, amor-gestos, amor-confiança ...
Contrariamente àquilo que se possa pensar, a rotina é, talvez, o maior inimigo que o amor tem que vencer. A rotina produz desgaste. O desgaste gera a vontade de conhecer coisas novas e de voltar a sentir-se apaixonado ou desejado.
Com o tempo, também aquelas pequenas peculiaridades de caráter, as manias e formas de fazer as coisas, que nem sempre nos agradam, podem acabar por minar as relações.
Sobreviver à rotina, ao desgaste natural, às pequenas coisas e ao esmorecimento da paixão é uma arte e é só para alguns.
Há outros que se mantêm juntos, mas estão ligados, não tanto pelo Amor, mas, sim, pelo amor-hábito, pelo amor-comodismo, pelo amor-medo da solidão, pelo amor-dependência, pelo amor-filhos ou pelo amor-preconceito social.
Em muitos casos, não são os problemas graves os grandes destruidores do amor, pois, não raro, eles unem mais as pessoas e até dão um novo alento aos relacionamentos. 
E, o ciúme não é Amor? Alguns dizem que o ciúme é um bom condimento, mas se é condimento tem que ser utilizado em doses muito moderadas. Caso contrário, revela apenas insegurança cria problemas de irritação e revolta e pode dar origem a graves crises ou mesmo destruir os alicerces em que se baseia esse amor.
Finalmente, que lugar ocupa a traição? Será ela a causa do fim de um amor? Ou, pelo contrário, ela só acontece porque o amor acabou?
Na verdade, na traição, quem trai quem ou o quê? O outro? A si próprio? Ou ao próprio Amor?

Florbela Espanca diz, no seu célebre poema "Amar"

"Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!"

Será que ela tinha razão? Ou o Amor pode durar uma vida?
Será que a nossa principal ambição é viver um Amor para a vida? Ou, pelo contrário, queremos viver continuamente apaixonados? 

Comentários

  1. O Amor une, o descaso desune. A paixão se esvai em fumaça depois de algum tempo, é praticamente impossível encontrar um casal cujo relacionamento ao longo dos anos, siga com o mesmo tom e nível de paixão passados uns meses.

    Em seu lugar, quando há de verdade os falados pilares que sustentam a relação surge o Amor. Mas até esse se não for cuidado, regado, respeitado, evapora, dá lugar a outras coisas.

    Para ser duradouro, é preciso muito mais que Carinho e Tesão, é preciso Amizade, Respeito, Lealdade, Cumplicidade - mas a lista não se esgota aí. Sexo e prazer é algo que só vinga dentro de certo equilíbrio, mesmo o "animal", sem certa dose de equilíbrio é um prazer sem graça. E no fundo la Espanca tinha razão ao escrever...

    "Quem disser que se pode amar alguém
    Durante a vida inteira é porque mente!"

    Particularmente eu digo que não Amor que resista a uma deslealdade. Essa sim é traição!
    E se há traição é porque de um lado o Amor já era, virou fumaça.

    "Será ela a causa do fim de um amor? Ou, pelo contrário, ela só acontece porque o amor acabou?"

    Parabéns!

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