Dolce fare niente

Para a grande maioria, dos que vivem ou trabalham em Lisboa, este é um fim-de-semana XXXL. 
O dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas celebra o 10 de junho, de 1580, data da morte do poeta, e o 13 de Junho é o dia de Santo António, santo padroeiro de Lisboa. 
Este ano, o feriado nacional calhou à sexta-feira e o de Lisboa à segunda-feira, pelo que tivemos direito a uma espécie de miniférias. Muitos aproveitaram para sair da cidade, dar passeios, ir para a praia ou visitar familiares. A capital ficou calma e silenciosa, como só acontece no mês de agosto.
Por vários motivos, acabei mesmo por decidir ficar por aqui e aproveitar para descansar e dormir até fartar, num "dolce fare niente"
De vez em quando, sabe bem tirar uma folga de afazeres, obrigações e até diversões. De vez em quando, é bom dedicarmo-nos à preguiça, sem ter horas marcadas para nada, sem tirar o carro da garagem, sem ter que ir a lado nenhum.
Na minha sala cheia de luz, com a porta da varanda aberta, esticada no sofá, escrevo no meu blog, pacificada, sem pressões de qualquer tipo. Por uma vez, não estou a roubar horas ao meu sono, nem a fazer várias tarefas em simultâneo. 
Por uma vez, relaxo, sem sentir que deveria estar noutro lado qualquer, a fazer qualquer outra coisa.
O "dolce fare niente", quando não é a regra mas, sim, a exceção, pode ser tão relaxante e saudável, quanto a melhor massagem, ou as férias num local paradisíaco e é sempre uma boa ocasião para apreciarmos a nossa própria companhia.
Abençoados estes feriados que nos permitem retemperar as forças. Até chegarem as merecidas férias, ainda há muito para fazer. Particularmente este ano que terei, novamente, que usar férias para arrumar e colocar tudo no lugar, desta vez, na minha casa do Alentejo que se encontra em grandes obras.
Pois é, quase tudo que é bom dá trabalho; quase tudo o que vale a pena requer um grande investimento pessoal. Assim, aproveitemos estes raros momentos de preguiça, para nos fortalecermos, esquecendo os problemas do mundo e os nossos; libertando-nos da ansiedade sobre as coisas com que nos preocupamos por antecipação e que, afinal, até podem nunca vir a acontecer.
A vida prega-nos partidas, propõem-nos desafios, coloca-nos problemas difíceis, complicados ou dolorosos e, no geral, mesmo na larga maioria dos seus muitos dias bons e felizes, dá trabalho.
Aproveitemos, então, os momentos de acalmia. Deixemos que a vida nos encha da suas bençãos e maravilhas.

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