2016

O ano 2016 ficará indelevelmente gravado na minha memória. 
Alepo - A história irá perdoar-nos?
Este tem sido um ano duro, de violência, de perdas, de preocupações, de doenças inesperadas, de trabalho árduo, de contratempos e adiamentos, de objetivos adiados.
Só em 2016 houve, pelo menos, 13 ataques terroristas, em diferentes países e continentes, dos quais destaco, apenas por uma questão de proximidade  geográfica e cultural, os atentados de Bruxelas, a 2 de março, o atentado de Nice, no dia 14 de julho, o atentado na igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, na Normandia, a 26 de julho.
O número de migrantes mortos no Mediterrâneo bateu novo recorde, em 2016. A 26 de outubro estavam já contabilizados 3800 mortos.
Toda esta mortandade, quer a relativa aos atentados, quer aos migrantes, tem apenas uma causa, independentemente dos contextos, circunstâncias políticas, económicas e sociais, localizações geográficas e naturalidade, cultura ou religião das vítimas. E, essa causa, é só e apenas a maldade humana.
Os mortos, esses, são apenas homens, mulheres ou crianças que pereceram, direta ou indiretamente, às mãos de outros homens, mulheres ou crianças que guiados pela sua própria ambição e crueldade, ou manipulados por outros que lhes reconhecem e se aproveitam das suas debilidades e limitações.
Também inúmeras figuras públicas, nacionais e internacionais, das mais variadas idades e ligadas às mais diversas atividades, com particular incidência nas ligadas às atividades artísticas, não foram poupadas aos "maus fígados" do 2016.
A morte de algumas figuras públicas, especialmente dos artistas, toca-nos de uma forma particular, ainda que, na maior parte dos casos, nem as conheçamos pessoalmente, pois eles são uma espécie de amigos que entram quase diariamente em nossa casa, através do pequeno ecrã.




Anna Paula

Camilo de Oliveira

Carlos Rodrigues

Francisco Nicholson

Gene Wilder


João Lobo Antunes

Joaquim Rosa

Jorge Sequerra 

José Boavida

Leonard Cohen 
Umberto Eco


Os acidentes de avião, acidentais ou provocados, foram também pródigos ao longo de todo o ano, causando um número de vítimas inusitado, que lamentámos com tristeza e espanto.



Mais perto de mim, no meu círculo familiar e de amigos e até comigo, também o 2016 mostrou as suas garras. De súbito, diversas doenças, inesperadas e assustadoras, tentaram perturbar a nossa harmonia e equilíbrio, mas, felizmente, até à data, não causaram males maiores, mantendo-se controladas e "silenciosas".
Fiz um "contrato" com Deus. Ele não levaria nenhum dos meus. Todos, os mais próximos, viriam passar comigo, na minha renovada casa, que me viu nascer e crescer, ou o Natal ou o Ano Novo. Caso Ele permitisse tal milagre, dar-lhes-ia uma nova oportunidade, ou seja, mais alguns anos de vida com qualidade.
O que lhe ofereci em troca? Bem, nada ou, antes, apenas a minha fé, o amor por aqueles que amo e o profundo sentimento de proteção que tenho em relação a todos os que quero bem, o qual, quantas vezes, se estende a outros que, mesmo não me sendo próximos, porque se encontram em situações difíceis, acabam por me entrar pelo coração dentro e ser alvo do meu sentimento de proteção, apenas por uma questão de empatia, apenas porque são seres humanos fragilizados.
Acredito que o amor, a fé e o sentimento de proteção são "armas" extremamente eficazes, bem mais poderosas que bombas ou balas, ou que o própria maldade ou ódio.
Se é certo que todos teremos que partir, um dia, também é certo que todos merecemos novas oportunidades, especialmente se enfrentarmos as dificuldades com coragem, mesmo bravura, e com o coração cheio de amor.


Por falar em amor. O projeto de renovar a casa que já foi dos meus bisavós é, seguramente, um enorme esforço, mas um verdadeiro projeto de amor. 
Manter e restaurar esta casa, com mais de dois séculos de história, é, igualmente, uma homenagem aos meus ascendentes, dos quais me orgulho profundamente, não pelos seus grandes feitos, não propriamente pelos bens materiais que adquiriram, valorizaram, preservaram e fizeram chegar até mim, mas, sim, pela incomparável herança de integridade, honestidade, alegria, compaixão, humanitarismo e amor que souberam transmitir de geração, em geração.
Claro que obras, especialmente em casas antigas e de grandes dimensões, são sempre recheadas de atrasos, de problemas inesperados, de trabalhos que não correm tão bem ou tão rapidamente quanto desejaríamos, ou até de alguns erros de cálculo, dificuldades ou falhas de projeto ou execução e, por vezes, até de pequenos acidentes.
Dedicar-me a este projeto obrigou-me, também, a adiar outros, pois não me permitiu ter disponibilidade de tempo, mental e física para dar continuidade, em simultâneo, aos outros projetos que decidi abraçar em 2015 e que, caso me "esqueça", tenho sempre as "4 Órbitas de Lua" para mos recordar.
Mas e ainda que não esteja completamente terminada, esta "Obra" é um êxito, um sonho cumprindo e está finalizada o suficiente, para que a possamos inaugurar, naquela que é, por excelência, a maior Festa da Família, a celebração Natal, do nascimento de Cristo, daquele que nos trouxe um mandamento novo "Que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei."

Neste Natal, do famigerado ano de 2016, desafio-os a entrar de facto naquilo que deveria ser o século XXI. Um século em que deveríamos ser mais sábios, mais tolerantes, mais fraternos, mais solidários e caridosos, em suma, um século em que nos deveríamos amar mais uns aos outros.
Pois que amar é evolução e, se repararmos bem, os sinais da evolução estão bem patentes em tudo que nos rodeia, muito do qual é obra dos homens, nas ciências, nas artes, na tecnologia,

Neste Natal, acolhamos no nosso coração Alepo e todos os que sofrem, são vítimas de guerras, de injustiças, de crueldade. Só o nosso profundo sentimento de Amor e Paz possibilitará a ação e a evolução dos Homens para a paz.

Resta-me desejar-lhes um Feliz Natal e que o 2017 nos compense a todos do ano que está quase a terminar. Estaremos, certamente, mais sábios, pois as dificuldades ensinam-nos, fazem-nos crescer e dão-nos mais "ferramentas" para buscarmos a felicidade.




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