Fora de Controlo

“O conflito está no homem” Osho



"A insegurança é o maior obstáculo para o sucesso"

Uns mais do que outros, padecemos todos do mesmo mal.
Queremos controlar a vida, os acontecimentos, os outros. 
Tentamos corrigir o presente e antecipar o futuro.
Queremos ser reconhecidos profissional e socialmente.
Queremos ser amados, respeitados, admirados, acarinhados, ouvidos, seguidos ou mesmo obedecidos pelo nosso/a marido/mulher ou companheiro(a), pelos nossos filhos, pelos nossos familiares e amigos.
Mas como poderemos controlar a vida, os acontecimentos ou os outros se estes não dependem de nós?
Como poderemos corrigir o presente, se continuarmos agarrados ao passado?
Como poderemos antecipar o futuro, se ele ainda não chegou?
Como poderemos ser reconhecidos, se não confiamos nas nossas capacidades, nem  damos, a nós próprios, o devido valor?
Na verdade, a vida e a larga maioria dos acontecimentos decorrem independentemente dos nossos desejos ou ações.
E os outros, mesmo que de alguma forma dependam de nós e em algumas situações acabem por fazer, por obrigação ou medo, aquilo que queremos, são, na verdade, pessoas autónomas e livres de "ser" e de escolher, quer sejam  nossos filhos, companheiros(as), familiares, amigos, colegas, chefes ou subalternos.
O maior inimigo do nosso sucesso somos nós próprios. As nossas dualidades, inseguranças, desequilíbrios ou frustrações, impedem-nos de acreditar em nós próprios, nos nossos sonhos, projetos e capacidades e, portanto, de nos focarmos nos nossos objetivos.
Quantas vezes nos violentamos ferozmente, aceitando o inaceitável, apenas porque temos medo de ficar sozinhos, de que não gostem de nós, de não sermos bem aceites ou reconhecidos em determinados grupos, de não progredirmos profissionalmente ou mesmo de não conseguirmos manter o nosso trabalho ou negócio? 
Ninguém reconhece as nossas qualidades ou mérito, nem nos ama ou respeita por obrigação ou imposição.
Mas, acima de tudo, ninguém o fará, se nós próprios não reconhecermos essas nossas qualidades e mérito, se não nos amarmos e respeitarmos a nós mesmos.
Temos tanto controlo sobre o que acontecerá amanhã, como sobre o tempo, a chuva, ou uma tempestade. Então, temos que aceitar aquilo que está fora do nosso controlo da mesma forma que aceitamos aquelas inevitabilidades.
De facto, a forma como agimos ou reagimos aos acontecimentos são as únicas coisas sobre as quais temos controlo. Podemos não ter muito controlo sobre o que sentimos ou sobre os pensamentos que nos acometem, mas, seguramente, podemos controlar as nossas ações e os nossos comportamentos e até podemos escolher entre deixarmo-nos dominar por determinados pensamentos ou sentimentos ou reagirmos contra eles.
Por mais seguros, realizados, bem sucedidos ou amados que sejamos, dentro de nós existe sempre alguma insegurança e dualidade. 
No entanto, subjugarmo-nos às inseguranças ou dualidade interior é sempre uma escolha nossa. 
Para o nosso bem-estar e felicidade temos que nos amar, perdoar e respeitar. E ainda que, dentro dos limites do razoável, tenhamos que aceitar os outros tal como eles são, não podemos permitir que eles nos usem, maltratem, humilhem, inferiorizem ou nos façam sentir mal por aquilo que somos. 
Em suma, não podemos permitir nos façam infelizes, intencionalmente ou por negligência. Pois, quem o faz, seguramente, ou não nos ama e/ou não nos respeita.


Por mais belo que o poema seja, por mais sentimento que o Salvador tenha posto ao cantá-lo, "Amar pelos Dois" não funciona. 
Nalgum momento, cegos pela paixão, poderemos julgar que sim, que vale a pena, mas, se optarmos por uma vida em que amamos pelos dois, ela não será minimamente satisfatória e conduzir-nos-á, apenas, à tristeza, à solidão, à desilusão e à perda do nosso amor-próprio e da nossa autoestima.
Não podemos determinar quem nos ama, nem obrigar alguém a amar-nos, mas, decididamente, podemos afastar-nos de quem nos faz sentir mal e infelizes.
Tememos a solidão. Mas, na verdade, não existe pior solidão que aquela que sentimos quando estamos acompanhados. 
O estarmos sós não significa estarmos sozinhos, pois nós somos a nossa melhor companhia, a pessoa que melhor nos entende, que mais nos ama e a única que se encontra sempre presente, em todos os dias da nossa vida, desde o momento que nascemos, até ao momento da nossa morte. 
Todas as escolhas que fazemos são profundamente solitárias, pois, por mais conselhos que possamos ouvir, somos nós, sozinhos, no nosso íntimo, quem toma as decisões.
Da mesma forma, podemos educar, amar e encaminhar os nossos filhos, mas não podemos fazer por eles as escolhas das suas vidas e temos que aceitá-las por mais que desejássemos que escolhessem coisas diferentes.
Então, não nos preocupemos tanto. Não tentemos controlar o incontrolável.
Dêmo-nos, sim, com naturalidade e leveza, esse inalienável direito de sermos felizes, amando-nos e reconhecendo as nossas qualidades e aceitando as nossas limitações e defeitos. Não temos que ser perfeitos, mas temos obrigação de procurar ser a melhor versão de nós próprios.


Comentários

  1. Ego. Ego, ego, ego.

    O que segura a corda e a aperta enquanto nossos pés balançam no vazio.

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