A Primavera das minhas Janelas

Se o solstício se atrasasse
A Primavera dormiria nas minhas janelas,
Sonhando as flores 
De todas as cores,
Ou, apenas, em tons de rosa.

Se a Primavera, cansada,
Se esquecesse de chamar o Verão,
O Oceano choraria a ausência de mim,
Magoado no seu coração.

No sonho que me embala o sono,
Oiço o sussurro da brisa
Contando segredos às árvores
E às flores que
Habitam os campos das minhas janelas.

Nunca serei daqui.
A minha alma não é citadina.
Falta-me o cheiro da terra,
O cantar dos pássaros,
O aroma das flores, selvagens,
Que enchem o verde de todas as cores

Nunca serei daqui.
Falta-me o silêncio
Das estrelas
E do manto aveludado do céu
Que me abraça, afaga e aconchega.

Sou uma mulher do monte,
Ou do campo, 
Para quem não sabe o que isso significa.
E do mar, imenso, selvagem
E indomável, como eu.

Preciso de paisagens a perder de vista,
Céus com biliões de estrelas
Preciso de ver lá longe o horizonte
Adormecendo sobre o mar.

Preciso de silêncio
De vida verdejante,
Das "minhas " árvores
E das flores da Primavera
Que me transportam 
Para o meu amado,
O Verão.

Preciso que a Primavera
Adormeça nas minhas janelas.
Me deixe refrescar nas águas
E calmar a alma
Nas soalheiras do Verão
E de sonhar, 
Sob o manto das estrelas.




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