Fim de Férias

E agora?
Agora, volto à rotina habitual. Casa, trabalho, fins-de-semana. Muitos deles preenchidos com as viagens, de ida e volta, ao meu Alentejo e à Casa das Memórias.
Foi um ano duro e exigente. As férias não puderam ser como as sonhei, mas serviram para descansar, resolver assuntos pendentes, que não é fácil tratar se não estiver de férias, abraçar o campo, as minhas árvores e flores e, claro, aproveitar o sol e mergulhar nas águas frescas, por vezes frescas demais, da minha amada e imprescindível praia.
Sou grata por poder retornar à minha outra casa e ao trabalho, ao contrário de muitos que, neste verão de labaredas, fumo e negrume, perderam casas, o trabalho de uma vida, o emprego e mesmo familiares e amigos, nos imensos e devastadores fogos que transformaram o nosso verde país num braseiro infernal, na maior parte dos casos, através de mãos perversas e criminosas, movidas por objetivos pouco claros, mas, seguramente, tenebrosos.
Foi um ano duro e o verão não atenuou essa dureza, pelo contrário, agravou-a, por vezes, a níveis intoleráveis.
Para além das casas e empresas, arderam milhares de hectares de floresta e terrenos agrícolas, tendo o mais longo e terrível incêndio, em Pedrogão Grande, vitimado mortalmente 65 pessoas e ferido 250.
Afogamentos e acidentes diversos, dos quais o mais grave e mortífero ocorreu na Madeira, com a queda de uma árvore que atingiu mortalmente 13 pessoas e feriu 45 que se encontravam numa festividade religiosa.
Quantos destes acidentes ou incidentes têm origem criminosa? Quantos deles só ocorreram por negligência ou incúria?
Esta é uma contabilidade difícil que muitos preferem ignorar ou amenizar com palavras vazias e promessas vãs.
O mundo, lá fora, não mostrou melhor cara. Entre manifestações extremistas, ataques terroristas, acidentes diversos e uma crescente onda de intolerância protagonizada, ora por fundamentalistas islâmicos, ora por ditadores ou radicais de esquerda ou direita.
Os problemas com o  ambiente e as alterações climáticas pesam-nos e preocupam-nos, acima de tudo porque não se vislumbram soluções fáceis, eficazes ou rápidas.
O sol brilha, o verão aquece-nos os corpos e as almas. A nossa pele toma tons dourados ou acastanhados. Procurarmos sorrir, rir, descansar, divertir-nos ou tão somente sentirmo-nos em paz. Mas, o mundo pesa-nos, como se todas as conquistas da ciência e da tecnologia, toda a evolução humana, todos os princípios e valores morais e sociais não passassem de brandas quimeras com que nos tentam ludibriar.
Na verdade, a maldade, intolerância, radicalismo, oportunismo e corrupção humana envenenam-nos os dias, uns contra os outros e o próprio mundo.
Mas, é verão e final de férias. Há que arregaçar as mangas, lutar pelo que acreditamos, afivelar um sorriso e acreditar que cada gesto de humanidade poderá fazer do mundo um lugar melhor.

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