Força de Viver

2002

Já sei. Não gostas destas coisas das redes sociais e blogues. Mas não podias deixar-nos sem que eu falasse de ti.


1976
Afinal, foram mais de cinquenta anos de uma enorme amizade, de almoços e jantares em família e com amigos, de passeios e viagens, de longas conversas e risos, do apoio que de ti recebi, diretamente a mim ou aos meus filhos, que, afinal, é a mesma coisa, e, talvez, de outras formas que eu desconheça, porque tiveste  a generosidade de não dizer à mão esquerda o que a mão direita fez.

1981

E, claro,  seria impossível esquecer as nossas implicações de uma vida. Ah, sim, porque adoravas implicar comigo e picar-me. Divertia-te ver-me abespinhada. Ensinaste-me a ser também "implicadora". Coisas à Mário.


Para mim, sempre foste muito mais do que um cunhado. Foste um irmão.
Não eras perfeito mas sempre foste um homem bom e justo.
Quantas pessoas ajudaste?  Não faço ideia. E penso que muitas delas também não fazem ideia de que foste tu quem as ajudou.
Mas o teu mérito é reconhecido por muitos. Conhecias tanta gente. Gente que te apreciava e te dava o devido valor mas, acima de tudo, que gostava e gosta de te chamar amigo.

2006

A terra e a agricultura eram a tua paixão maior. Uma paixão tão grande que, mesmo quando as dores já eram muitas e as forças quase nenhumas, continuavas a ir todos os dias para o monte.

Tiveste uma vida cheia. Cheia de amor, dedicação, amigos, trabalho, projetos, negócios, humor, ética, dignidade. Lutaste pela agricultura, pelo desenvolvimento, pelo progresso.
Não gostavas de ensinar mas foste um ótimo professor.

2011 - Quarenta anos de casados

Já no limite das tuas forças, dois dias antes do maldito te prostrar, contra as expectativas de quase todos, foste ao último almoço de amigos. 

29 de Junho de 2020 - Último almoço de amigos


E, no dia seguinte, ainda foste despedir-te da tua amada terra.

 Verão - 2019

E ainda tinhas sonhos e projetos. O maldito venceu-te mas deste-lhe mesmo muito trabalho e, no final, levaste-o contigo. A vitória será sempre tua.
Eras um líder nato. Um bocadito mandão. Mas, como dizias, se ninguém decide nada, decido eu.
Sei que sabias o tamanho da minha amizade por ti. Sei que sabias que podias contar sempre comigo.
Foste um valente.
Das últimas palavras que disseste ao teu neto Tiago, recordo as seguintes, lá na quinta, a propósito da morte da Maria Eugénia, "Deixa lá, não faz mal morrer, não vale a pena é sofrer. Eu também vou morrer e tu vais continuar a viver e a sorrir."
Eras uma força da natureza, um protetor. Um Homem Bom e um Grande Amigo. E sê-lo-ás sempre enquanto todos nós por cá andarmos. 

Só quem tem a generosidade de sabe dar, tem a humildade de saber receber
Só quem tem a generosidade de saber dar, tem a humildade de saber receber 
Natal 2019


Desculpa lá expor-te aqui no blogue e nas redes sociais, mas tinha que ser. E já me safei de implicares comigo por causa disto.
Boa Viagem meu Mano do coração. Um dia, vamos encontrar-nos outra vez.

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