PANDEMIA


Independentemente das circunstâncias de vida de cada um, a pandemia tornou-se um grave problema para todos nós. Embora já tenhamos vacinas, levará ainda bastante tempo  até que uma parte significativa da população mundial esteja vacinada, criando a tão almejada imunidade de grupo.

Esta não é a primeira vez que a humanidade se vê a braços com uma pandemia, nem será última,  mas o rasto que estas deixam é sempre terrível, quer em perda de vidas humanas, quer na perda de qualidade de vida, a todos os níveis.

Nenhum país se encontra verdadeiramente preparado para enfrentar uma pandemia. Assim, não só escasseiam os meios e o conhecimento para a combater, como, pelo meio, se tomam muitas más decisões, se cometem erros e se vive entre a negação e o medo.

A "nossa" pandemia veio demonstrar que, ainda que tenhamos alcançado um nível científico e tecnológico elevadíssimo, o qual não é minimamente comparável ao existente na altura de qualquer uma das pandemias anteriores, continuamos relativamente indefesos e cometemos erros semelhantes.

As pandemias, e esta particularmente, não afetam apenas a saúde das pessoas, elas refletem-se em todos os setores da sociedade, económico e financeiro, social e político, nas empresas e  emprego, nas famílias e em cada um de nós

Esta pandemia tem sido especialmente marcada por contradições e incoerências por parte das organizações responsáveis pela saúde, nacionais e internacionais, dos cientistas, dos governantes e políticos, dos média e, obviamente, também das populações.

Independentemente dos erros e culpas de cada um,  imaginar que é fácil gerir uma pandemia e querer encontrar culpados, à força, é uma fuga à realidade, como qualquer outra, que usamos muitas vezes porque, de alguma forma, nos consola apontar  "culpados".

Mas, na verdade, o grande culpado da pandemia é mesmo o Vírus, o qual, nestes tempos de grande mobilidade, rapidamente se alastrou pelo mundo inteiro.

Quase todas as medidas para a contenção do vírus têm consequências desastrosas para a economia dos países, empresas e famílias. Logo, geri-las pode ser um complicado quebra-cabeças que, na ausência de milagres e milagreiros, produz enorme descontentamento.

Um outro grande culpado do agravamento da situação pandémica, particularmente no hemisfério Norte, é o general Inverno. Esta estação do ano tem sempre uma elevada mortalidade, particularmente por gripes e outras doenças que afetam o sistema respiratório. O frio e um sol menos presente, quente e luminoso fragilizam, ainda mais, os idosos e doentes de outras patologias e propiciam o agravamento das depressões, as quais também reduzem a capacidade do sistema imunitário se defender das doenças.

Os governos e as organizações de saúde têm também uma cota parte de responsabilidade elevada, quer seja pelas inúmeras incoerências, quer pelo facilitismo, quer pela grande quantidade de medidas absurdas ou mal interpretadas, como é o caso, das janelas e portas abertas, nas salas de aulas, num dos invernos mais rigorosos de que temos memória, ou de provocar aglomerações de pessoas à porta dos supermercados, pela redução de horário dos mesmos aos fins-de-semana.

Também e particularmente no nosso país a falta de preparação e organização do Sistema Nacional de Saúde para um Inverno que se sabia que iria ser desastroso, as guerrinhas políticas e "ideológicas" e alguma ou muita incompetência por parte de quem nos governa e gere o SNS criou uma situação caótica. 

Os média com a sua constante e sensacionalista divulgação de informações acerca do vírus, transformaram-no numa coisa banal e muitas pessoas, por cansaço ou habituação, deixaram de se preocupar com o vírus que só ataca os outros, particularmente os idosos.

O terrível agravamento da situação económica de muitas empresas e famílias converteu o Vírus em algo quase insignificante, se comparado com as imensas dificuldades financeiras que estão a sofrer, e tornaram-nas temerárias, como se fossem imunes ao vírus mas não aos seus efeitos na economia.

Os inúmeros estudos científicos ou pseudocientíficos  que chegaram ao conhecimento do público, muitos deles contraditórios, bem como, as divergentes informações divulgadas por cientistas e médicos retiraram credibilidade e seriedade aos cientistas, às investigações e ao próprio Vírus.

As fake news do novo mundo digital confundiram as pessoas, principalmente porque grande parte delas não tem meios ou capacidade para filtrar informação.

Mais uma vez os média, com os seus programas de entretenimento e informação, em que tanto responsáveis políticos, como intervenientes nos seus programas se apresentam sem máscara e a uma distancia física inferior a dois metros, têm também contribuído para descredibilizar o uso da máscara, como uma das melhores formas para nos prevenirmos do vírus.

Existe uma luz ao fundo do túnel, a vacina, mas, até que cheguemos a ela, há um longo e penoso caminho a percorrer, com custos humanos e económicos difíceis de prever, evitar, contornar ou resolver.



Então, não perca a esperança mas, e nunca é demais relembrar, lave as mãos e use máscara sempre que não lhe for possível manter um distanciamento físico de, pelo menos, dois metros. 

Não existem Sistemas Nacionais de Saúde nem em Portugal, nem em qualquer outro país do mundo que consigam suportar, por tempo indefinido, uma sobrecarga de doentes e trabalho. O nosso SNS está a rebentar pelas costuras, seja por causa dos doentes Covid, seja por todos os outros, com diferentes tipos de patologias, que se vão avolumando, pela perda de capacidade de resposta dos Serviços.

Não existe nenhum país no mundo suficientemente rico para conseguir não só enfrentar a pandemia, como acudir a todas as empresas em falência ou pessoas em situação de desemprego ou perda total de rendimentos.

Proteja-se. Proteja os outros, sem pânico, sem procurar e apontar constantemente culpados. Faça, simplesmente, a sua parte. 
Mas, por favor, não abandone os idosos, nem os doentes, pois aí perderemos tudo, a saúde, o trabalho, o dinheiro e a humanidade.





Não se esqueça,.. 

Só se vê bem com o coração.
O essencial é invisível aos olhos.

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